Meditações no Evangelho de João (40): Um Só Rebanho e Um Só Pastor
Numa manhã do ano de 1971, o beatle John Lennon compôs “Imagine”, a música que se tornaria o hino de uma geração. Respirando a utopia de uma futura fraternidade universal, Lennon nos convida a imaginar uma sociedade ideal em que nada mais iria separar as pessoas: nenhum Céu, nenhum inferno, nenhum Salvador, nenhuma verdade.
O mote que inspirou John Lennon tem inspirado muitas outras pessoas através dos séculos. Dentre esses, há os que, fazendo uma leitura descuidada do Evangelho de João, afirmam que o próprio Cristo compartilhava do sonho imaginativo de John Lennon. Em sua defesa, apresentam as palavras de Jesus em João 10:16, que diz: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor.”
Um breve exame do contexto geral e imediato desse versículo será suficiente para mostrar o engano desse raciocínio. No Evangelho de João, a mensagem de Jesus é exclusivista, não inclusivista como a de John Lennon. Em João 14:6, um dos versículos mais conhecidos do Evangelho, Jesus declara: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Enquanto John Lennon e os demais utópicos, rejeitando a exclusividade da verdade de Jesus, convidam-nos a imaginar que o Céu não existe, Jesus vai na direção oposta. Primeiro, Ele diz que a verdade existe, e que, em última análise, ela não é uma proposição, mas uma pessoa: Ele próprio. Segundo, Ele afirma que o Céu existe e diz que, para alcançá-lo, só há um Caminho, que também é o próprio Cristo. No mundo da imaginação, cabe tudo, mas, no mundo real, só vale a verdade.
Se olharmos com atenção para o próprio capítulo 10 de João, aprenderemos que Jesus não manifesta a expectativa otimista de que será o pastor de todas as pessoas. Suas ovelhas são os que ouvem a Sua voz e O seguem. Tais condições, vistas ao longo do ensino do SENHOR, estão bem exemplificadas em João 10:9, por exemplo, onde Jesus diz: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.” Como acontece em várias outras referências no Evangelho de João, a expressão “Eu sou” tem um inquestionável tom exclusivista. Aliás, pelo modo como a frase está construída na língua original, com um pronome pessoal explícito, é certo dizer que Jesus está declarando: “Somente Eu sou a porta.” Desse modo, Jesus fechou todas as outras possíveis portas pelas quais uma pessoa poderia chegar a Deus. Além disso, nesse versículo, temos uma condição óbvia: “Se alguém entrar por mim, será salvo.” A esse respeito, não podemos nos esquecer das palavras de Jesus em Mateus 7:13-14: “Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.”
Quando Jesus falou de um tempo em que haveria um só rebanho e um só Pastor, Ele estava se referindo ao fato de que muitos, além dos pertencentes à nação de Israel, viriam a Ele, passariam a compor Seu rebanho e seriam salvos. É por isso que Ele afirmou que tinha “outras ovelhas, não deste aprisco.” De fato, por meio da pregação do Evangelho às nações, o SENHOR continua acrescentando novas ovelhas ao Seu rebanho de discípulos, vindas de todos os povos, tribos, línguas e nações.
John Lennon, com seu idealismo de fraternidade universal construído sobre o misticismo hindu e o ateísmo prático, procura nos convencer de que tudo é uma questão de imaginação. Jesus Cristo, com Sua natureza divina e Sua mensagem verdadeira, convoca-nos a encarar a realidade sem ficarmos anestesiados pela ilusão. A imaginação não muda os fatos. O rebanho de Cristo é feito de verdadeiros discípulos do SENHOR. Você é um deles?