Meditações no Evangelho de João (41): Bendita Segurança
A americana Fanny Crosby, a despeito de ser cega, foi uma das mais prolíficas compositoras de hinos sacros do século XIX. Entre suas muitas composições, destaca-se o hino “Bendita Segurança”, mais conhecido no Brasil pelo título “Vivo Feliz”. O hino é um testemunho da alegria que transborda no coração de um pecador que se tornou herdeiro da salvação, resgatado pelo SENHOR, nascido do Espírito e lavado no sangue de Cristo. Realmente, essa é uma bendita segurança, e quem a possui afirma com todo vigor: vivo feliz, pois sou de Jesus!
No Seu último debate público com os judeus, em João, capítulo 10, Jesus falou sobre a bendita segurança que Ele dá a Suas ovelhas. Como ocorreu anteriormente, nesse confronto, os judeus novamente ficaram irados ao ouvir Jesus defendendo Sua igualdade com o Pai. No versículo 30, por exemplo, o SENHOR declarou: “Eu e o Pai somos um.” Hoje, alguns, até considerados cristãos, cometem o terrível engano de negar a divindade de Cristo, chegando a dizer que Jesus nunca disse que era Deus. A verdade, porém, é que Jesus afirmou Sua divindade muito claramente. Sabemos disso porque o texto diz que os judeus entenderam perfeitamente que Jesus estava se declarando igual a Deus. Por essa razão, ao ouvirem o SENHOR Jesus dizer “Eu e o Pai somos um”, pegaram em pedras para apedrejá-l’O. E, quando Jesus perguntou por qual obra boa eles o queriam matar, a resposta foi: “Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (João 10:33).
Na sua cegueira espiritual, os judeus não entendiam que, se o Messias, enviado do Céu, não fosse homem e Deus ao mesmo tempo, ele não poderia assegurar a bendita esperança da salvação a nenhum homem. Contudo, uma vez que, como disse o profeta Isaías, o Messias se chama “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6), Ele pode dizer acerca dos que creem n’Ele: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28). Essas palavras são preciosas, pois, nessa afirmação, Jesus comunica importantes lições acerca da vida eterna. Primeiro, ele diz que a vida eterna é um presente dado por Ele, não um prêmio para os que se esforçam para ganhá-la. Por isso, Ele declara: “eu lhes dou a vida eterna.” Ele diz ainda que aqueles que recebem o presente da salvação estão seguros eternamente, portanto “jamais perecerão”. Por fim, uma vez que a salvação é uma generosa dádiva de Cristo, os que recebem essa dádiva estão seguros em Suas mãos, de onde nada nem ninguém pode tirá-los. Essa gloriosa certeza, muito mais valiosa que o mundo inteiro, não poderia vir de outro senão do próprio Deus.
Meditando nessa tão gloriosa verdade, podemos entender o regozijo da poetisa Fanny Crosby. Mesmo privada da visão física, os olhos do seu coração contemplavam a luz radiante do Evangelho de Cristo. Como está escrito na letra original do hino “Bendita Segurança”, por causa da certeza da salvação em Cristo, ainda nesta vida, conseguimos sentir antecipadamente o doce sabor da glória divina reservada para os servos do SENHOR na eternidade. Portanto, “canta minh’alma, canta ao SENHOR, / rende-Lhe sempre ardente louvor.” Essa é canção que emana do coração e extravasa pelos lábios dos que estão seguros nas mãos do SENHOR. Essa é a minha canção. Espero que seja também a sua.