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Meditações no Evangelho de João (46): A diferença entre a afirmação da fé e a certeza da fé

No final do Sermão do Monte, Jesus declarou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21). Por meio dessas palavras, Jesus ensina a possibilidade de considerável distanciamento entre o que dizemos crer e o que realmente cremos. Uma pessoa pode afirmar que Jesus é SENHOR sem, no entanto, viver sob o Seu senhorio. É possível afirmarmos a verdade com os lábios, e negá-la com a vida. 

Uma boa ilustração dessa possibilidade pode ser encontrada nas palavras de Marta, ao encontrar-se com Jesus, conforme lemos em João, capítulo 11. Assim que ouviu que Jesus se aproximava da sua casa, ainda imersa em profunda dor pela perda do seu irmão, Marta foi ao encontro de Jesus. Ao vê-l’O, disse: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão. Mas também sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.” (João 11:21-22). Ela reconhece a grandeza do problema, mas afirma crer que Jesus tem pleno acesso ao Pai e poderá ser atendido em qualquer coisa que Lhe pedir. 

Na sequência da conversa, percebendo que Marta não estava entendendo o que Jesus lhe falava acerca da ressurreição, O SENHOR lhe disse diretamente: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente.” E concluiu, perguntando: “Crês isto?” (João 11:25-26). A resposta de Marta foi a mais ortodoxa possível, pois ela disse: “Sim, Senhor… eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo.” (João 11:27) Quem iria questionar a crença de uma pessoa que, sem hesitação, refere-se a Jesus usando três títulos divinos? Foi isso que Marta fez ao chamar Jesus de Senhor, Cristo e Filho de Deus. Além disso, na sua resposta, Marta usou o verbo crer em um tempo que significa que ela havia crido em Cristo no passado, e que sua crença perdurava no presente momento. Marta estava dizendo: “Jesus, eu cri e continuo crendo que tu és o Senhor, o Cristo e o Filho de Deus enviado ao mundo”. 

A julgar pela convicção expressa nessas palavras, Marta tinha tudo o que era necessário para que alguém pudesse ser chamado de um crente em Jesus. Entretanto, quando Jesus chegou ao túmulo de Lázaro e mandou que removessem a pedra que estava na entrada, Marta protestou dizendo: “Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias” (João 11:39). Naquele instante, Marta estava contradizendo o que há pouco havia falado. Em um pequeno espaço de tempo, a mesma Marta que dissera crer que o Pai poderia atender o Filho em tudo que Ele pedisse, achou que Jesus não devia seguir na Sua intenção de ressuscitar Lázaro, pois, devido ao tempo decorrido, seu corpo já entrara em estado de decomposição.

Temos bastantes evidências no Evangelho para afirmar que Marta chegou a crer em Cristo verdadeiramente, sendo, desse modo, salva por Ele. Apesar disso, pelo modo como interagiu com Jesus no evento da ressurreição de Lázaro, Marta ilustrou bem o fato de que é possível uma pessoa conhecer e verbalizar a verdade sobre a fé em Cristo, contudo, ainda assim, não possuir verdadeiramente essa fé. 

A fé que nos torna filhos de Deus e garante a vida eterna com Cristo não é a fé que apenas chama Jesus de Senhor. A fé salvadora tem que se manifestar na nossa disposição de fazer a vontade de Deus e não a nossa própria vontade. Desse modo, demonstramos que Jesus é nosso SENHOR não apenas de boca, porém de fato e de verdade. É assim que você crê em Cristo?