Meditações no Evangelho de João (51): A lógica da negação da verdade
Aldous Huxley (1894-1963), escritor britânico que foi um ateu combatente, destruiu a crença de muitos, com sua defesa do existencialismo filosófico. Em um texto entitulado Fins e Meios, na página 270, o autor de “Admirável Mundo Novo” , se pronuncia com admirável honestidade, quando declarou: "Eu tinha razões para querer que o mundo não tivesse um sentido; consequentemente pressupus que não tivesse, e, sem qualquer dificuldade, consegui encontrar motivos satisfatórios para essa pressuposição. O filósofo que não encontra sentido algum no mundo não está preocupado exclusivamente com uma questão de metafísica pura; também se interessa em provar que não existem razões válidas devido às quais não se deva fazer o que quer, ou pelas quais seus amigos não devam tomar o poder político e o governo da maneira que acharem mais vantajosa para si mesmos ... Quanto a mim, a filosofia da ausência de sentido foi basicamente um instrumento de libertação, tanto sexual como política.” A citação é um tanto longa, mas seu argumento poderia ser resumido da seguinte forma: A doutrina de que Deus não existe e que, por esse motivo, a vida não tem qualquer sentido, é uma pressuposição movida não por evidências racionais, mas por uma determinação moral. O ateísmo de Aldous Huxley era, acima de tudo, um meio pelo qual ele poderia sentir-se livre para seguir o caminho da licenciosidade moral, tanto na sua vida sexual, quando nas ideologias que orientavam suas preferências políticas.
Em João 12:9-11, temos um exemplo claro de como as pressuposições religiosas e morais operaram, de antemão, de modo a estabelecerem um grande obstáculo para que os líderes judeus recusassem aceitar que Jesus era o Filho de Deus, como Ele claramente afirmara.
O milagre da ressurreição de Lázaro era marcante demais para não ser notado por muitos. João afirma que numerosa multidão de judeus, chegando antecipadamente para a Páscoa, sabendo que Jesus estava em Betânia, foram lá “não só por causa dele, mas também para verem Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.” (Jo 12.9). João também diz que muitos dos que iam visitar Lázaro, voltavam crendo em Jesus. Como acontece em outras ocasiões, no quanto Evangelho, essa crença não necessariamente levava à vida eterna, mas, no mínimo criava uma disposição favorável para com Jesus. E, para o Sinédrio, qualquer manifestação de apreço pelo SENHOR era algo profundamente incômodo.
Desesperados, os judeus resolveram que seus preconceitos e desejos iriam suplantar a manifestação da verdade. Por isso, decidiram que além de Jesus, Lázaro deveria também ser morto. Em linguagem moderna, eles estavam praticando uma espécie de “queima de arquivo”. Já que não era possível negar o fato da ressurreição, os judeus resolveram que deveriam, pelo menos, abafar sua repercussão.
Quando uma pessoa acredita que Deus não existe, que a vida eterna é um mito e que Jesus não é o Único Salvador, essa pessoa está sendo movida mais por suas preferências morais do que pelas evidências reais. A realidade de que há um Deus Criador, Senhor e Juiz de vivo e mortos incomoda nosso coração que é inclinado àquilo que é contrario à Lei de Deus.
Podemos ter nossas preferências e pressuposições. Entretanto, a verdade do Evangelho é clara: Jesus é o Filho de Deus enviado ao mundo para morrer pelos nossos pecados. Podemos seguir por diferente caminhos, mas, se queremos seguir pelo caminho da vida precisamos nos lembrar do que Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6).