Meditações no Evangelho de João (54): O Mundo aos Pés de Cristo
Na conclusão do seu relato sobre o evento da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, o evangelista João declara: “Dava, pois, testemunho disto a multidão que estivera com ele, quando chamara a Lázaro do túmulo e o levantara dentre os mortos. Por causa disso, também, a multidão lhe saiu ao encontro, pois ouviu que ele fizera este sinal. De sorte que os fariseus disseram entre si: Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele” (João 12:17-19).
A reação dos fariseus à aclamação de Jesus pela multidão é interessante. Ao longo dos anos em que Jesus ministrara entre os judeus, a intenção dos escribas, fariseus, saduceus, bem como dos sacerdotes era desacreditar a pessoa de Cristo, negando sua identidade divina. Apesar disso, poucos dias antes da Sua crucificação, Jesus é saudado com honras e devoções que somente poderiam ser dadas ao Filho de Deus. Diante dos olhos dos Seus inimigos, o SENHOR Jesus é reverenciado publicamente como o Messias e Rei de Israel. Desapontados e confusos, os fariseus admitem que perderam a batalha e comentam entre si: “Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele.”
Essas palavras, saindo dos lábios dos inimigos de Jesus, soam como uma curiosa e involuntária profecia. Para os fariseus, provavelmente, a expressão seria apenas uma forma exagerada de comunicar sua decepção. Na realidade, porém, essas palavras eram o reconhecimento tácito de que ninguém pode suprimir indefinidamente a propagação da verdade. Como sabemos, os fariseus e escribas, hoje, não passam de lembranças esbranquiçadas que se desvaneceram sob as cinzas da história. Jesus, no entanto, continua vivo, glorificado, proclamado e adorado entre as nações. De fato, os fariseus foram derrotados; o mundo se rendeu à soberania de Cristo.
A decepção dos fariseus tem se repetido através da história. Quando, por exemplo, a antiga União Soviética organizou-se como um estado independente, apesar do seu ferrenho ateísmo, foi obrigada a reconhecer em sua constituição o fato de que passou a existir no ano de 1917 depois de Cristo. É uma grande ironia que mesmo os livros escritos pelos inimigos do cristianismo, quando são datados, forçosamente estão reconhecendo que a vinda de Jesus ao mundo foi o divisor de águas da história universal. Como afirmou o Dr. James Kennedy, “Jesus mudou o curso do rio da vida e tirou os séculos dos seus eixos.” Usando as palavras de Jesus, podemos dizer que tentar esconder o impacto da Sua vinda ao mundo seria equivalente a tentar “esconder a cidade edificada sobre um monte.” Ou seja, isso ninguém jamais poderá fazer.
Como foi no passado, também em nossos dias o mundo precisa reconhecer, embora a contragosto, que o “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. E, por isso, desde a Sua breve passagem pela Terra, o mundo nunca mais foi o mesmo. Querendo ou não, todos os homens precisam admitir que a história humana está dividida entre o antes e o depois de Cristo.
Saber que a vinda de Cristo mudou a história é um fato significativo. No entanto, muito mais significativo é admitir a mudança que Jesus opera no coração daqueles que O reconhecem como seu SENHOR e Salvador. É assim que a nossa vida passa por uma profunda transformação, e a nossa história pessoal também se divide entre o antes e o depois de Cristo. A partir do nosso encontro com Cristo, entramos em uma nova realidade que, biblicamente, é descrita como uma regeneração, ou um novo nascimento. Por isso, o apóstolo Paulo declarou: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Coríntios 5:17).