Meditações no Evangelho de João (55): Queremos ver Jesus
Após o término do cortejo glorioso da entrada triunfal do SENHOR, Jesus se dirigiu ao templo de Jerusalém. Entre os muitos que haviam chegado para adorar durante a Páscoa, estavam alguns gregos que, aproximando-se dos discípulos do SENHOR, disseram: “Queremos ver Jesus.”
Ao ser comunicado acerca do desejo dos gregos, Jesus não se apressou para encontrá-los nem fez perante eles nenhum sinal miraculoso, como, provavelmente, fora a expectativa deles. Aproveitando a ocasião, o SENHOR Jesus falou sobre a sua glorificação que estava às portas. Suas palavras, porém, não atenderam à expectativa dos gregos, nem da multidão a sua volta, nem mesmo dos próprios discípulos. Sem dúvida, a aclamação de Jesus como o Messias e Rei de Israel despertara no coração dos gregos e dos demais presentes a convicção de que, se Jesus era de fato o Filho de Deus, enviado do Céu, chegara o momento de Ele manifestar-se gloriosamente como tal. Normalmente, quando pensamos em um servo de Deus sendo exaltado pelo Pai celeste, a ideia que primeiro se forma em nossa mente é de exaltação imediata. Esquecemo-nos de que, antes de nos levar à glória, Deus nos leva à cruz. Esse é o programa de Deus para cada filho Seu, inclusive para o Seu Filho unigênito, Jesus Cristo.
Assim, em vez de afirmar-se por meio de um discurso poderoso que poderia arrebatar o coração dos ouvintes e fortalecer a empolgação da multidão, Jesus preferiu falar da Sua humilhação como o primeiro passo no caminho da glória. O SENHOR começou assegurando que era chegada a hora da Sua glorificação (João 12:23), contudo, em seguida, declarou: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (João 12:24-25). Que declarações impressionantes do nosso SENHOR! A glória prometida se aproxima, mas, antes, da sua consumação Ele iria seguir pela trilha do desprezo, da humilhação, do abandono e da morte.
Expectativas erradas que se encaixam em uma cronologia inapropriada estão entre os nossos maiores problemas. Essa confusão afeta negativamente nosso relacionamento com Deus. Temos sido iludidos pela falsa suposição de que os frutos da semente da vida eterna têm de brotar antes de passarmos pela morte. Estamos convencidos de que devemos receber o prêmio antes de terminar a corrida; queremos a glória sem passar pela cruz.
Pelo modo como Jesus respondeu ao pedido dos gregos, aprendemos que, se de fato quisermos ver Jesus em glória, precisaremos antes ser identificados com Ele na semelhança da Sua morte. Esse mesmo pensamento pode ser encontrado na epístola de Paulo aos Filipenses, capítulo 3, onde diz que participamos do poder da ressurreição de Cristo, enquanto também participamos da comunhão dos Seus sofrimentos (cf. Fp 3:10).
Concluindo Sua mensagem, o SENHOR diz: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora” (João 12:27). Jesus não encara a cruz com resignação masoquista, porém como uma parte importante e necessária na estrada que conduz à glória. Como notamos nas Suas próprias palavras: “precisamente com este propósito vim para esta hora”.
Era chegada a hora do calvário. O Filho daria seu último passo na estrada da provação, para, em seguida, começar a palmilhar a estrada da glória. E tudo isso com um alvo maior revelado na seguinte oração: “Pai, glorifica o teu nome!” (João 12:28).