Meditações no Evangelho de João (58): Desvendando o Enigma da Incredulidade (Parte 2)
Se você já foi abençoado com a oportunidade de ouvir o plano da salvação revelado nas Escrituras, provavelmente, escutou Efésios 2:8, que diz: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.” O estudo cuidadoso desse versículo nos permite perceber que tanto a salvação quanto a fé são presentes de Deus. A parte de Deus no processo da crença não deve nos preocupar, pois essa parte se acomoda nos domínios das coisas “ocultas” que, como lemos em Deuteronômio 29:29, pertencem ao SENHOR. Quanto aos processos externos que movimentam nosso coração em direção a Cristo, isso deve ser objeto da nossa cuidadosa atenção. Nesse sentido, cabe aos homens, até onde lhes é possível, tomarem uma posição quanto à mensagem do Evangelho. É sobre isso que lemos em João, capítulo 12, versículos 37-43.
Falando acerca da incredulidade dos judeus contemporâneos de Jesus, João disse: “E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele, para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?” (João 12:37-38). Essas palavras não deixam dúvida de que a dureza de coração dos judeus estava prevista na profecia de Isaías, capítulo 53. Guiado pelo Espírito Santo, o profeta do SENHOR anunciou antecipadamente que o Messias seria rejeitado por Seu próprio povo. Eles iriam ouvir a pregação, mas não reagiriam com obediência e fé.
Discorrendo um pouco mais acerca do enigma da descrença dos judeus, João também afirma: “Por isso, não podiam crer, porque Isaías disse ainda: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados” (João 12:39-40). De outra forma, Paulo diz em Romanos, capítulo 11, que os judeus foram temporariamente rejeitados em decorrência da sua dureza de coração. Eles, mais do que ninguém, tinham todos os motivos para receber o Seu Messias. A história de Israel narrada no Antigo Tratamento seguiria em torno da esperança do Descendente Vitorioso, anunciado desde o Jardim de Éden. Através dos séculos, a promessa foi reafirmada de inúmeras formas. A encarnação, humilhação, morte, ressurreição e glorificação do Messias foi o tema da mensagem milenar dos profetas de Israel. Apesar disso, continuadamente, Israel virou as costas para o Seu Deus, indo após a nulidade dos ídolos. Quanto mais o SENHOR os buscava, mais eles se afastavam, zombando da misericórdia , bondade e graça do seu Criador, Redentor e Provedor.
Visto que Israel optara pelo caminho da rebeldia deliberada, depois de tratar a nação com admirável longanimidade, chegou o momento em que o SENHOR passou da bondade para a severidade, aspectos que se acomodam perfeitamente na natureza de Deus, conforme lemos em Romanos 11:22. Esse é o contexto que devemos levar em conta, a fim de sabermos por que os judeus da época de Jesus “não podiam crer”.
Quando Jesus passou a ensinar por meio de parábolas, Seus discípulos não entenderam o motivo de o SENHOR não falar diretamente acerca do reino de Deus. A resposta do SENHOR foi esta: “Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem” (Mateus 13:12-13). Eles haviam desprezado o conhecimento de Deus e zombado do próprio Filho de Deus. Agora, era Deus que os estava desprezando.
Você consegue perceber a verdade do Evangelho, mesmo sem ter ainda se rendido a ele? Não demore nessa condição. Considere o exemplo dos judeus e o que está escrito em Isaías 55:6: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.”