Meditações no Evangelho de João (59): O Perigo de Amar o Mundo
O apóstolo João, na sua primeira epístola, faz a seguinte advertência: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele,” (1João 2:15). O modo como a mentalidade do mundo nos aprisiona é um tema bastante frequente nos escritos joaninos.
Em relação a isso, no Evangelho de João, capítulo 12, está escrito: “Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12:42-43). Ao longo do Evangelho, vemos como as autoridades judaicas estavam sempre perto de Jesus, esforçando-se para encontrar n’Ele algum pecado. Os líderes judeus perseguiam tal objetivo porque isso lhes daria base para acusarem o SENHOR, tanto perante os judeus quanto diante das autoridades romanas. Mas, à medida que as autoridades se aproximavam de Jesus em busca de possíveis pecados, algo curioso começou a acontecer: muitos dentre os líderes do judaísmo passavam a crer em Cristo. A evidência dos sinais e das palavras de Jesus era irresistível. E, assim, a fé começava a brotar milagrosamente no solo duro do coração das autoridades.
Ao se referir às autoridades, João tinha em mente os principais sacerdotes e fariseus, conforme lemos em João 7:45-52. Não há dúvidas de que alguns entre os principais dos judeus estavam convencidos de que Jesus era o Cristo. Foi esse o caso de Nicodemos, acerca de quem João escreveu no capítulo 3 do seu Evangelho. Nesse capítulo, aprendemos que Nicodemos era “o mestre” em Israel, pois foi assim que Jesus se referiu a ele, conforme o texto original em João 3:10. Isso significa que ele ocupava um papel de destaque entre os sacerdotes, fariseus e saduceus, os quais compunham o Sinédrio. No capítulo 7, João relata um momento de tensão entre as autoridades, por causa da recusa dos guardas de prenderem Jesus. Nesse momento, Nicodemos se levanta em defesa dos guardas e de Jesus. Ele, acertadamente, argumenta que era ilegal proceder daquele modo, pois Jesus não podia ser condenado sem antes ser ouvido pelas autoridades. Não há dúvidas de que Nicodemos cria em Cristo. Infelizmente, por temer a excomunhão da sinagoga, preferiu seguir como um discípulo secreto. É por isso que, em João, capítulo 3, Nicodemos vem ao encontro de Jesus à noite, a fim de não ser visto conversando com o SENHOR.
É difícil julgar a autenticidade da crença que estava no coração de Nicodemos e, certamente, de outros dentre os principais judeus. No entanto, uma coisa é certa: Esses homens não estavam dispostos a pagar o preço de seguir a Cristo. Por que fizeram isso? João responde da seguinte forma: “Porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (João 12:43). Eles precisavam rejeitar a aprovação do mundo, a fim de serem identificados com Cristo. A glória do mundo capturou seus corações, apresentando-se mais atraente a eles do que a glória de Deus.
O mundo é atraente e sua glória tem um apelo quase irresistível. Foi por isso que o diabo, enquanto usava suas melhores armas para tentar o SENHOR Jesus, ofereceu-Lhe a glória do mundo, caso Jesus aceitasse a proposta de curvar-Se em adoração ao inimigo (cf. Mateus 4:8-9). Como o SENHOR Jesus disse enfaticamente, ninguém pode amar a dois senhores. Por essa razão, Tiago repreendeu os cristãos vacilantes, dizendo: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4).
É preciso decidir se vamos amar a glória de Deus ou a glória do mundo. Se você ainda está na incerteza, escute o que disse o SENHOR Jesus em Lucas 9:26: “Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos.”