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Meditações no Evangelho de João (62): O Segredo da Humildade de Cristo 

O ato de Jesus de lavar os pés dos discípulos foi surpreendente. Realmente, lavar os pés de uma pessoa era parte do ritual da boa hospitalidade que era própria da época. No entanto, jamais o dono da casa se rebaixava a ponto de tocar nos pés do seu hóspede. A cortesia era sempre tarefa de um escravo, de preferência um escravo que não fosse judeu. 

Jesus conhecia bem a cultura judaica e sabia quão humilhante seria, na última ceia, assumir o papel de escravo. Apesar disso, sem se preocupar com sua imagem ou com a impressão dos que teriam seus pés lavados por Ele, O SENHOR tirou Sua vestimenta de cima, amarrou uma toalha à cintura, colocou água em uma bacia e passou a lavar os pés dos discípulos. 

Sem grande esforço, poderíamos relacionar vários motivos pelos quais Jesus, voluntariamente, naquele momento, rebaixou-se à posição de um escravo. Entretanto, se quisermos ser precisos na investigação das motivações do SENHOR, precisamos levar em conta o modo como João introduz o relato. Em João, capítulo 13, versículo 1, está escrito: “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (João 13:1).

De acordo com esse versículo, quando Jesus realizou o humilde ato de lavar os pés dos discípulos, Ele tinha uma certeza: “Era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai”. A gloriosa expectativa de que havia chegado Sua hora de ir ao encontro do Pai não era apenas uma vaga impressão, mas uma marcante convicção. Sabemos disso porque, no versículo 3, João reforça esse mesmo pensamento ao dizer que Jesus estava certo de que “o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus” (João 13:3).

Tomado pela certeza de que estava cumprindo o programa determinado por Seu Pai, Jesus seguiu pelo caminho da humilhação, certo de que, como diz a Escritura, “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tiago 4:6). Na última ceia, Jesus estava demonstrando, de modo prático, o que Ele ensinou quando dissera aos discípulos: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lucas 14:11).

Quando nosso coração está tomado pela certeza de que estamos seguindo o caminho que o SENHOR traçou, ganhamos coragem e ousadia para seguir em frente, mesmo que tenhamos que ser rebaixados à mais humilde condição. A convicção de que estamos andando segundo o propósito de Deus não elimina as lutas que, porventura, tenhamos de enfrentar. Apesar disso, não desistimos, pois estaremos motivados pela certeza de que “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra” (Provérbios 15:33). 

A voluntária humilhação do SENHOR durante a última ceia, além de ser uma lição espiritual inesquecível, serviu de prenúncio para a glória que seguiria a cruz. Jesus, na Sua humilhação, foi o mais desprezado de todos os homens. Entretanto, na Sua glorificação, “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:9-11). 

Deleite-se em fazer a vontade de Deus. Assim, você poderá ser obediente ao SENHOR, a despeito do preço que tenha de pagar.