As Maravilhas do Natal (8): Uma história cheia da graça de Deus
Em geral, aquilo que é exaltado entre os homens é de pouco valor diante de Deus. Enquanto os homens se sentem superiores por se julgarem de “nobre nascimento”, na árvore genealógica do Rei da glória, encontramos um cenário surpreendente no qual figuram pecadores insignificantes, que, em termos humanos, poucos gostariam de ter sua herança familiar ligada a algum desses.
Um aspecto interessante na genealogia de Jesus é a inclusão de quatro mulheres do Antigo Testamento: Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba. A inclusão delas é curiosa, porque, em primeiro lugar, de acordo com o costume da época, os nomes das mulheres, de forma geral, não eram incluídos em registros genealógicos. Em segundo lugar, cada uma dessas mulheres tinha, na sua história, algo questionável que, usando linguagem contemporânea, poderia ser classificado como uma mancha no currículo. Gênesis, capítulo 38, nos informa que Tamar fez o papel de uma prostituta, a fim de enganar seu sogro, Judá, e ter filhos com ele. Raabe não apenas agiu como prostituta, ela era realmente conhecida por sua vida moral indecente, como lemos no capítulo 2 de Josué. Rute era uma estrangeira moabita. Em Gênesis, capítulo 19, está escrito que os moabitas eram um povo idólatra que passou a existir devido a um ato incestuoso entre Ló e uma das suas filhas. Quanto à Bate-Seba, ela se notabilizou por ser a mulher com quem o rei Davi cometeu adultério.
Quando observamos os ancestrais de Jesus, uma coisa salta aos olhos: a impressionante graça do SENHOR. Considerando as pessoas escolhidas para figurar na linhagem de Jesus, podemos perceber uma aplicação perfeita destas Suas palavras no Evangelho de Marcos: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mc 2:17). Jesus não nasceu em uma família de justos, pois, como nos diz o apóstolo Paulo em Romanos 3:10-12, “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”. Se, para que a encarnação ocorresse, fosse necessária uma genealogia composta por pessoas justas, o Natal nunca teria acontecido. Portanto, desde que, espiritualmente, essa é a condição de todos os homens, até mesmo dos que fazem parte da árvore genealógica de Jesus, Deus enviou Seu Filho para “buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10).
É comum ouvirmos que o Natal é tempo de demonstrar amor. É verdade, desde que seja o autêntico amor que não encerra seu significado em um amontoado de palavras emotivas sem substância real. Natal é tempo de considerar e aceitar o amor de Deus em Cristo, disponível a todos os pecadores que, independentemente das suas histórias pregressas, estão prontos para buscar o SENHOR enquanto se pode achar, como diz o profeta Isaías (Is 55:6). Natal é tempo de lembrar-se da infinita graça do Deus eterno, que “escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1Coríntios 1:28-29). Que, neste Natal, a compreensão da graça de Deus possa invadir sua alma, trazendo perdão e salvação.