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As Maravilhas do Natal (9): Quem decide a história?

Os conselheiros fiscais do imperador estavam preocupados. A arrecadação do império estava em baixa. Tal situação era um grande e perigoso sinal de alerta. Sem arrecadação suficiente, toda a estrutura do fabuloso Império Romano poderia entrar em colapso. Por isso, talvez por orientação dos seus conselheiros ou por uma decisão pessoal, César Augusto, fazendo pleno uso dos seus poderes, decretou um recenseamento, mas com uma nova exigência: todos deveriam ser contados na cidade dos seus ancestrais. 

Não é difícil imaginar um historiador romano explicando às gerações posteriores esse evento. Muito provavelmente, seu relato diria que tudo isso aconteceu porque o imperador, lançando mão dos seus poderes, resolveu promulgar tal decreto com o fim de equilibrar a balança fiscal do império. 

Aos olhos dos romanos, o recenseamento que obrigou José e Maria a viajarem da Galileia para a Judeia era uma mera providência administrativa. Contudo, se o mesmo fato for avaliado pela ótica da soberania de Deus, o recenseamento foi, na verdade, um ato da providência divina. O decreto do imperador de Roma era apenas um meio pelo qual a profecia relativa ao Messias iria se cumprir. Séculos antes que o Império Romano existisse, o profeta Miqueias havia anunciado o lugar exato do nascimento de Jesus: a pequena vila de Belém, cerca de uns dez quilômetros ao sul de Jerusalém. Quando os magos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram pelo recém-nascido Rei dos judeus, a resposta dos escribas e sacerdotes, conhecedores do Antigo Testamento, foi clara: “Em Belém da Judeia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel” (Mateus 2:5-6). 

Muito provavelmente, o imperador romano não conhecia as Escrituras proféticas e, por isso, também não haveria de demonstrar respeito para com o Deus de Israel. Portanto, ao proclamar o decreto do recenseamento, sua única intenção era fazer valer seu poder de decisão, uma vez que o imperador agia de maneira autônoma e soberana. Certamente, César Augusto, no seu decreto, não levou em consideração o fato de que, muito acima dele, estava Aquele que, no Apocalipse, é descrito como “a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” (Ap 1:5). Mas a suposta autonomia do governante romano não invalida o fato de que a história na Terra segue aquilo que foi traçado no Céu. 

Mateus, quando descreve os eventos relacionados ao nascimento e ministério de Cristo, costuma dizer que os fatos por ele narrados aconteceram para que se cumprisse a palavra profética. A verdade é que a história está sob o comando do SENHOR da história, o Qual se desvenda ao homem nas páginas das Sagradas Escrituras. 

Se hoje podemos celebrar o Natal é porque existe um Deus poderoso e cheio de graça, que tudo faz segundo o conselho da Sua vontade. Como é bom conhecer e crer nesse Deus que, apesar da Sua infinita glória, é também o nosso Emanuel, o Deus conosco.