Meditando nas Escrituras (10): A Luz Divina da Palavra de Deus
Em 2007, o editor inglês Arthur Bennet compilou uma série de orações e textos devocionais dos puritanos em uma obra intitulada O Vale da Visão. Este título, inspirado em Isaías 22:1, dá nome à primeira oração desse seu livro. Esta oração, cujo autor não é identificado, e que terminou sendo musicada, é inesquecível em sua forma e conteúdo. Nela, o autor pede ao SENHOR que possamos aprender por meio de paradoxos, reconhecendo que “O caminho que nos leva para baixo é o que nos leva às alturas, / Que ser humilhado é ser exaltado, / Que ter o coração quebrado é tê-lo sarado, que o espírito quebrantado é o que se regozija, / Que a alma que se arrepende é a alma vitoriosa, / Que nada ter é possuir tudo, / Que carregar a cruz é ostentar a coroa, / Que dar é receber, / Que o vale é o lugar da visão.” No final da oração, está escrito: “Senhor, à luz do dia, as estrelas podem ser vistas dos poços mais profundos, / E, quanto mais fundo é o poço, maior é o brilho da tua luz.”
Quando o apóstolo Pedro escreveu sua segunda epístola, os cristãos estavam vivendo um tempo difícil. As trevas do pecado prevaleciam de várias formas. A igreja de Cristo precisava desesperadamente do brilho da glória de Deus, para não sucumbir nos dias maus. A Segunda Epístola de Pedro foi escrita para atender a essa demanda. No capítulo 1, versículo 19, está escrito: _“Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” _.
Para enfatizar a necessidade urgente de os cristãos apegarem-se à Palavra de Deus, Pedro recorda a experiência da transfiguração de Cristo, dizendo que aquele evento inusitado serviu como um sinal autenticador da “palavra profética”. Tudo que os profetas de Deus haviam dito acerca do Messias tinha se cumprido, e a transfiguração era o ápice do desenrolar do enredo profético.
Apesar de Pedro ter vivido uma experiência sobrenatural impactante ele não convoca os cristãos para buscar algo semelhante. Em vez disso, Pedro diz que eles fariam bem em dar atenção às Escrituras. Experiências são passageiras e diversas, a Palavra do SENHOR é única e permanente. Por isso, o apóstolo não chama atenção demais para o que ele experimentou, mas para o que está escrito.
O autor da poesia O Vale da Visão estava certo ao dizer que percebemos mais o brilho da luz de Deus quando estamos no poço mais profundo. Nossos dias têm sido dias de trevas tenebrosas. Estamos nos movendo sobressaltados, sem saber muito o que nos espera no futuro próximo. Esta é a nossa dura realidade, contudo, se estivermos meditando na Palavra do SENHOR, não teremos que seguir tateando, amedrontados com o que Deus tem reservado para nós no futuro.
Que a luz da sagrada Escritura seja o paradoxo divino que nos ajuda a seguir em paz, a despeito dos perigos que, porventura, tenhamos que enfrentar.
A luz da Palavra nos dá perfeita paz, pois, no Salmo 119:165, está escrito: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço.”