Meditando nas Escrituras (14): O Poder da Palavra de Deus (parte 2)
A vocação do profeta Jeremias é marcada por particularidades interessantes. Nos dez primeiros versículos do capítulo 1 do seu livro, o profeta relata sua indisposição inicial para abraçar o ofício profético. Quando Deus o chamou e determinou o tipo de ministério que deveria ser realizado, Jeremias se escusou imediatamente, dizendo: “… Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança” (Jr 1:6). Então, o SENHOR falou com Jeremias acerca da sua alegada incapacidade, e tocou na sua boca, e disse: “Eis que ponho na tua boca as minhas palavras. Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares” (Jr 1:9-10).
Quando permitimos que o pecado tome o controle do nosso coração, a Palavra de Deus terá que, primeiramente, “arrancar, derribar, arruinar e destruir” para, depois, “edificar e plantar”. O terreno do coração precisa ser limpo, a fim de poder receber com proveito a semente da Palavra. É por isso que, ao repreender os falsos profetas, o SENHOR declarou por meio de Jeremias: “Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor. Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23:28-29).
A Palavra de Deus tem a eficiência do fogo e a força do martelo. Descobertas arqueológicas revelam que o martelo era um antigo instrumento usado para modelar, quebrar ou esmiuçar objetos. Antigamente, os martelos eram feitos de pedras selecionadas capazes de resistir a fortes impactos. Sem dúvida, ao ouvir o SENHOR dizer que Sua Palavra era como martelo, o povo entendeu perfeitamente a ideia.
Para que os bons propósitos de Deus se desenrolem suavemente em nosso coração, este precisa ser quebrado e remodelado. Devido ao pecado que “tenazmente nos assedia”, nossa vida, gradualmente, vai ganhando formas incongruentes com os moldes divinos. Desse modo, para que possamos nos deleitar na “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”, a Palavra tem que nos atingir fortemente, quebrando e remodelando o nosso homem interior, para que possamos chegar ao ponto de sermos “vasos úteis”, “perfeitos e perfeitamente habilitados para toda boa obra”.
Ao longo da vida, tenho acompanhado inúmeros casos de pessoas presas a pensamentos e hábitos pecaminosos escravizadores. Sempre que lido com tais pessoas, minha primeira providência é levá-las à verdade da Palavra de Deus. Além de aconselhar que eliminem da sua vida os mecanismos que alimentam o pecado, recomendo que comecem imediatamente o hábito salutar de ler, meditar, estudar e memorizar as Escrituras. Incialmente, a ação da Palavra pode causar dor à medida que a verdade vai destruindo correntes aprisionadoras do pecado. Porém, na proporção que a pessoa se mantém firme no propósito de conhecer e aplicar a Palavra à sua necessidade, ela começa a experimentar o que o SENHOR Jesus disse em João 8:32: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
Quando gastamos nossas forças em uma atividade improdutiva, estamos, no linguajar popular, “malhando em ferro frio”. Um coração frio resiste às mudanças que Deus deseja fazer nele. Somente a Palavra de Deus pode nos libertar do pecado, afinal ela é “fogo e martelo”, ou seja, ela aquece e remodela o nosso coração.
“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices” (Salmos 19:7).