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Meditando nas Escrituras (30): O Conforto da Palavra de Deus

Leitura: Salmos 119:25-32

O Salmo 119 foi escrito para nos ensinar o valor da Palavra de Deus em tempos de provação. Assim, nos primeiros versículos da quarta estrofe, o salmista fala com expressões vívidas sobre o abatimento do seu coração e sobre a profunda tristeza em que está submergido. 

Inicialmente, o salmista se apresenta como alguém cuja alma está apegada ao pó (v. 25), que derrama lágrimas de tristeza (v. 28). Ter a alma apegada ao pó significa estar sofrendo os horrores da morte. Sabemos disso porque, em Salmos 22:30, os mortos são descritos como “os que descem ao pó”. No Salmo 55, Davi se acha em uma situação semelhante à descrita em Salmos 119:25. Oprimido por inimigos cruéis e furiosamente hostilizado, Davi afirmou: “Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim” (Salmos 55:4-5). 

Considerando a intensidade da dor pela qual passava o salmista, não ficaríamos surpresos se ele se mostrasse completamente dominado por desespero e depressão. Felizmente, esse não é o caso. Em meio à provação, o escritor não se refugiou na negação nem na resignação. Apesar da severidade da prova, ele não se deixou consumir pela excessiva tristeza, mas se reanimou na força e no consolo que há na Palavra do SENHOR. Ele reconheceu que os preceitos do SENHOR são tão eficazes que podem vivificar a alma que se encontra triste, que se acha às portas da morte. Essa é também a expectativa de Davi em Salmos 19:7, onde está escrito: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices.”

O salmista não tinha dúvidas de que Deus iria restaurá-lo por meio da Sua Palavra. Por isso, ele pediu que o SENHOR que lhe ajudasse a perceber os caminhos traçados por Sua Lei (v. 27) e lhe fortalecesse conforme a Sua Palavra (v. 28). Se, pela misericórdia de Deus, formos capazes de trilhar os caminhos do SENHOR, não nos perderemos em tempo algum, ainda que estejamos debaixo de severa opressão. Por essa razão, precisamos estar sempre perto da Palavra de Deus, pois nela encontramos forças para seguir com fé, apesar das duras provas que tenhamos de enfrentar.  

No verso 29, o salmista faz a seguinte oração: “Afasta de mim o caminho da falsidade e favorece-me com a tua lei”. O caminho da falsidade mencionado aqui é o mesmo que “o caminho da incredulidade, da apostasia, da negação da fé”. O autor sagrado sabe que, como diz Salomão, “a opressão faz endoidecer até o sábio” (Ecl. 7:7). Isto é, até mesmo uma pessoa sábia pode se tornar tola quando está debaixo de intensa provação. Temendo que tal aconteça, o salmista pede que Deus o abençoe, enchendo sua mente com a Lei do SENHOR. Entretanto, enquanto pede a proteção divina, o salmista não fica de braços cruzados. Ele faz a sua parte, tomando uma firme decisão, pois, no verso 30, ele declara: “Escolhi o caminho da fidelidade e decidi-me pelos teus juízos.” Assim, aprendemos que a passividade não faz parte da vida dos que desejam andar na Lei do SENHOR.

Ao concluir a quarta estrofe, o salmista declara: “Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando me alegrares o coração.” Na língua original, esse versículo pode ser lido da seguinte forma: “Sigo pelo caminho dos teus mandamentos, pois me tens alargado o coração.” É interessante que o mesmo homem que, no início da quarta estrofe, apresenta-se com o coração apertado, termina com o coração alargado pela Palavra do SENHOR. 

Em meio às lutas, lembremo-nos de que o contato com as Sagradas Escrituras nos livra do aperto no coração, pois, por meio da Palavra de Deus, somos confrontados com a verdade e consolados com as promessas do SENHOR.