Meditando nas Escrituras (42): Em Defesa da Honra da Palavra do SENHOR
Leitura: Salmos 119:121-128
Podemos ver em todo o conteúdo do Salmo 119 que ele foi escrito em tempos de provação. Mas, se quisermos entender sua mensagem, é preciso reconhecer que a angústia do salmista, em primeiro lugar, está relacionada com o fato de os soberbos desprezarem a Palavra de Deus. Mais do que lamentar as perseguições que lhe sobrevêm, o salmista sofre ao perceber que os arrogantes, no seu aparente sucesso, comunicam uma mensagem falsa quanto ao valor da Palavra do SENHOR. Por esse motivo, na décima sexta estrofe do Salmo 119, o autor sagrado se volta para Deus, rogando insistentemente que o SENHOR defenda a veracidade da Sua santa Palavra.
Em Salmos 119:121-128, o salmista está enfrentando um dilema: enquanto se empenha em seguir os mandamentos do SENHOR (v. 121), observa que os soberbos estão cada vez mais ousados nas suas artimanhas, pelas quais o estão oprimindo. Isso lhe causa grande desconforto, e ele pede que o SENHOR se interponha entre ele e os seus opressores (v. 122).
Olhando cuidadosamente o conteúdo dessa estrofe, notamos que, acima de tudo, o salmista deseja manter intacto o tesouro da sua fé nas Escrituras. O verdadeiro dilema está na aparente demora do SENHOR para socorrê-lo em conformidade com as promessas da Palavra de Deus (v. 123). Por não ver o cumprimento das promessas no tempo que lhe parecia devido, o salmista teme que, por causa dessa “esperança frustrada”, ele caia no erro de vacilar em sua decisão de confiar plenamente na Palavra de Deus. Assim, ele implora pela misericórdia do SENHOR, a fim de que, por causa da angústia, não venha a se afastar do Deus vivo. Na verdade, o seu desejo é que a provação seja um meio pelo qual ele possa compreender melhor os decretos do SENHOR, chegando a conhecer intimamente a riqueza da sabedoria divina revelada na Palavra de Deus (124-125). O salmista espera que o SENHOR intervenha em sua defesa, para que aqueles que violam os decretos do SENHOR sejam envergonhados e confundidos em sua arrogância (v. 126). Seu alvo era que aqueles que viessem a conhecer sua história aprendessem uma importante lição: quando um servo de Deus passa por provação, seu alvo é que a Palavra de Deus seja honrada, antes mesmo que ele receba o alívio da dor.
Muitas pessoas perdem sua fé quando se defrontam com homens arrogantes que ridicularizam a Palavra de Deus. Com o salmista, ocorreu o contrário. A zombaria dos ímpios serviu apenas para revelar que ele estava no caminho certo e que deveria seguir valorizando o tesouro precioso da Palavra de Deus. Portanto, embora perseguido por causa da sua confiança na Sagrada Escritura, sua mensagem não muda, pois, nos versículos 127 e 128, ele declara: “Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado. Por isso, tenho por, em tudo, retos os teus preceitos todos e aborreço todo caminho de falsidade.” O amor à Palavra de Deus protegia seu coração para não cair nas armadilhas do engano.
É triste ver que, em muitos casos, até mesmo pessoas que se dizem tementes a Deus, quando estão em tribulação, inclusive por causa do seu pecado, ficam focadas apenas em se livrar da dor e defender seu próprio nome. A atitude do salmista é diferente. Ele deseja, sim, receber o alívio da provação, contudo, acima de qualquer coisa, sua oração é esta: “Pai nosso que estás no Céu, santificado seja o Teu nome”!