Edição Especial de Páscoa (3): O Mistério do Túmulo Vazio
Leitura Bíblica: 1Coríntios 15:29-34
Em 3 de maio de 2007, a garotinha Madeleine McCann desapareceu do quarto de um resort na Praia da Luz, em Portugal. Esse caso, que repercutiu mundialmente, continua sem solução até os nossos dias. Tecnicamente, Madeleine foi declarada morta, mas o caso ainda não foi completamente concluído por uma razão simples: seu corpo, prova final da morte, jamais foi encontrado.
Tendo sido requisitado pelo jornal Tribuna de Chicago para fazer a cobertura de diversos crimes, Lee Strobel entendia a importância de uma autópsia na investigação de um homicídio. Na medicina legal, a morte fala muito sobre a vida. Por isso, enquanto investigava os fatos relacionados à ressurreição de Cristo, Strobel, primeiro, precisou se convencer de que Jesus realmente havia morrido. Sua próxima pergunta era: o túmulo de Jesus estava realmente vazio no domingo subsequente à crucificação?
O túmulo vazio sempre foi uma pedra no sapato dos incrédulos. Todos concordam que o corpo de Jesus desapareceu. A questão é: qual a explicação para esse misterioso desaparecimento? Por meio do Evangelho de Mateus, sabemos que os principais sacerdotes, ao ouvirem o relato sobre os fatos ocorridos no túmulo de Jesus, na madrugada do domingo, subornaram os guardas para que dissessem que, enquanto eles dormiam, os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus. Essa é uma possiblidade tão improvável que sequer entra nas discussões atuais.
Querendo chegar a uma posição fundamentada sobre o assunto, Lee Strobel foi ao encontro do Dr. William Lane Craig, em Atlanta. A escolha não foi aleatória. Strobel conhecia o Dr. Craig e sabia que a historicidade da ressureição de Cristo tinha sido tema da sua tese de doutorado na Universidade de Munique, na Alemanha.
Strobel começou sua entrevista perguntando acerca do sepultamento de Jesus. Dr. Craig explicou por que podemos afirmar que o corpo de Jesus não fora deixado na cruz para ser comido por animais selvagens. O relato dos Evangelhos, que, pela proximidade do fato, não pode ser tido como uma lenda, declara unanimemente que aconteceu o sepultamento. Além disso, se, como alguns afirmam, essa narrativa tivesse sido invenção dos primeiros cristãos, certamente eles jamais teriam inventado um personagem como José de Arimateia. Ele era membro do Sinédrio, a instituição envolvida na condenação do SENHOR. Perguntado quanto à segurança do túmulo, Dr. Craig descreveu o processo de sepultamento na época de Cristo, mostrando que a remoção da pedra que lacrava a entrada exigiria a força de vários homens. Falando sobre segurança, Lee destacou que muitos críticos negam a existência dos guardas à porta do túmulo. Pacientemente, Dr. Craig mostrou que o relato do Evangelho de Mateus sobre o suborno dos guardas teria sido rapidamente desacreditado pelos judeus, se tal guarnição não tivesse existido. Procurando encurralar o Dr. William Craig, Lee afirmou: “O Dr. Michael Martin, da Universidade de Boston, em seu livro “Argumentos contra o Cristianismo”, apresenta uma lista considerável de discrepâncias nos diferentes relatos da ressurreição nos quatro Evangelhos. Como o senhor responderia a isso?” Dr. Craig explicou que as discrepâncias podem ser elucidadas, e que, mesmo em relatos da história geral, encontramos discrepâncias de detalhes que os historiadores deixam de lado, pois não afetam a essência do que está sendo relatado. Por exemplo, em um dos Evangelhos, é dito que as mulheres foram ao túmulo quando ainda estava escuro, enquanto, em outro, está declarado que elas foram quando o dia estava raiando. Debater sobre esse detalhe seria o mesmo que discutir se um copo está meio cheio ou meio vazio, pois o dia começa a raiar quando ainda está escuro.
Até aquele ponto, Lee tinha recebido resposta para várias das suas dúvidas. Havia, porém, um problema levantado pelo Dr. Michel Martin que ele não poderia deixar de mencionar: o fato de que a notícia da ressurreição fora dada por pessoas que eram amigas de Jesus. Lee perguntou: “Isso não torna suspeito o testemunho por falta de objetividade?” A resposta do Dr. Craig foi interessante, pois ele enfatizou que o testemunho inicial fora dado não pelos apóstolos, mas pelas mulheres que seguiam Jesus. Se o relato da ressurreição fosse uma ficção tendenciosa, as mulheres jamais teriam aparecido no relato. Na época, as mulheres eram tão desvalorizadas que seu testemunho não era aceito em uma corte civil judaica. Um velho adágio rabínico dizia: “É melhor que a Lei seja queimada, do que ser ensinada às mulheres”. Outro dizia: “Bendito aquele cujos filhos são homens, e maldito aquele cujos filhos são mulheres”. Assim, quando os Evangelhos apresentam algumas mulheres como protagonistas centrais no relato da ressurreição, a explicação só pode ser uma: isso foi o que realmente aconteceu. Antes de terminar a entrevista, Dr. William Lane Craig ressaltou que o local onde Jesus fora sepultado era conhecido de todos. Se o corpo estivesse no túmulo, os judeus simplesmente teriam meios de “desmascarar a fraude”, acabando com a causa cristã na sua nascente. Por que não fizeram isso? Porque o corpo realmente não estava no túmulo.
Os céticos podem pensar o que quiserem, porém o fato é que, dentre as várias explicações para o desaparecimento do corpo de Jesus, a ressurreição continua sendo a mais plausível. Diante disso, Lee Strobel não tinha outra alternativa senão aceitar que o túmulo de Jesus estava realmente vazio quando fora visitado pelas mulheres.
A história de corpos desaparecidos é sempre impactante, mas nada se compara ao efeito do desaparecimento do corpo do SENHOR, que serve como base para o fato mais importante da história humana: a ressurreição de Jesus.
Lee Strobel não tinha interesse no cristianismo, mas era suficientemente honesto para entender as evidências. Faltava ainda a última pergunta: as testemunhas a favor da ressurreição eram confiáveis? Amanhã saberemos o que ele descobriu.