Meditações no Evangelho de João (85): Representados pelo Divino Sacerdote e Justo Advogado
Leitura Bíblica: João 17:13-19
Se quisermos saber onde estão os nossos tesouros, observemos o conteúdo das nossas orações. Quando nos dirigimos a Deus em oração, nossas intercessões estarão repletas daquilo que julgamos mais importante para nossa vida. Desse modo, quando observamos Jesus orando por Seus discípulos, contemplamos o coração do SENHOR quanto ao que Ele julga ser realmente essencial para os Seus servos.
Na Sua “oração sacerdotal”, em João, capítulo 17, Jesus pede que o Pai conceda três bênçãos aos Seus discípulos: que eles sejam mantidos em unidade, que sejam guardados do mundo e do maligno e, por último, que sejam santificados e equipados para a missão do Evangelho.
Nos versículos 13 a 19, Jesus, inicialmente, intercede pela proteção dos discípulos. No versículo 13, Ele continua implorando humildemente que o Pai conceda a unidade necessária que Seus servos precisarão para desfrutarem de completa e divina alegria. Ao longo de toda a oração sacerdotal, Jesus se apresenta diante do Pai como um advogado em defesa dos Seus servos. Como todo bom advogado, o SENHOR apresenta Seu caso procurando convencer o Juiz a dar uma sentença favorável. Os motivos alegados para que o Pai O atenda são vários, e todos diretamente relacionados ao que agrada a Deus. Assim, no versículo 14, por exemplo, a petição de Jesus se baseia no fato de que os discípulos irão ser odiados pelo mundo, porque acreditaram na Palavra de Deus. Ademais, Jesus não está pedindo que Deus, o Juiz, retire Seus servos do mundo, onde sofrerão perseguição. Ele sabe que dentro do plano de Deus de efetuar o resgate dos pecadores pela pregação do Evangelho, a presença dos discípulos no mundo é absolutamente essencial. O que o divino Advogado pleiteia é que o Juiz determine que eles sejam guardados do maligno (João 17:15). Os discípulos não poderiam ser deixados à mercê de Satanás, uma vez que eles já não pertenciam ao mundo (João 17:16) e, portanto, não estavam mais sob o domínio do príncipe das trevas.
Quando pede que o Pai ordene a vitória dos discípulos sobre os ataques de Satanás, Ele não faz Sua petição de modo genérico. Ao contrário, Jesus pede algo bem específico: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Com isso, o SENHOR está afirmando que a Palavra de Deus é o instrumento de santificação pelo qual podemos ser separados das contaminações e apelos do mundo, ficando em condições de cumprir a missão que Ele nos confiou. Quem deseja ter vitória contra o maligno não pode, em tempo algum, afastar-se da Palavra do SENHOR. Falando sobre as peças da armadura que os cristãos precisam usar a fim de lograrem êxito na batalha espiritual, o apóstolo Paulo declara: “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6:17).
Finalmente, Jesus, o Advogado, apresenta mais um forte argumento em favor do “Seu caso”: os discípulos precisam de unidade, proteção e santificação, porque eles estarão dando continuidade à missão que Lhes fora dada pelo Pai. O alvo da intercessão de Jesus não é que o Pai conceda aos Seus servos, neste mundo, uma vida confortável, isenta de todas as lutas. Essa bênção será desfrutada no estado eterno. Por enquanto, o que os servos do SENHOR precisam é somente daquilo que lhes permitirá cumprir a missão que o Pai lhes confia através do Filho, isto é: levar a luz de Cristo ao mundo que jaz nas trevas.
Para Jesus, nosso Sacerdote e Advogado, nossa real necessidade é apenas aquilo que nos capacita para cumprir Sua missão. Que Deus nos ajude a desejar o que nosso SENHOR desejou para Seus discípulos.