O Pai amoroso e seus dois filhos perdidos
“Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres… Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo” (Lucas 15.11-12; 25–26).
A conhecida parábola do Filho Pródigo tem muito mais do que um filho rebelde? Vemos o que Jesus realmente ensinou ou apenas o que queremos ver?
Para interpretarmos fielmente a parábola, não podemos nos esquecer de que a ilustração faz parte da sessão de achados e perdidos no evangelho de Lucas. Ela surge em resposta à murmuração dos fariseus e escribas quando viram Jesus se aproximando de publicanos e pecadores. Em vez de dar uma explicação direta, o SENHOR Jesus conta três parábolas: a da ovelha perdida, a da moeda perdida e a dos filhos perdidos. As três são inesquecíveis, mas a do Filho Pródigo é a mais impressionante. Charles Dickens, o mais famoso romancista inglês da era vitoriana, considerava essa parábola como “a maior de todas as pequenas histórias já contadas”.
Vamos meditar vagarosamente nessa parábola, porém, antes de dar o primeiro passo, precisamos corrigir um equívoco no título dado a essa porção do evangelho de Lucas. O título "A Parábola do Filho Pródigo" não faz jus ao conteúdo do texto. Não se discute que a rebeldia do filho mais novo, sua decisão insensata de pedir antecipadamente sua parte na herança, sua vida dissoluta, sua miséria, seu arrependimento e sua restauração são elementos absolutamente inesquecíveis na história. Entretanto, a personagem central da parábola não é o filho pródigo, mas o pai amoroso, o qual representa o Deus pleno de amor que busca os perdidos. Tal conclusão se confirma, inclusive, pelo fato de haver dois filhos na história. É o pai que serve de elo nessa família, demonstrando amor e compaixão por filhos tão diferentes, mas igualmente carentes de perdão e graça.
Para melhor entendermos a parábola, é importante lembrar quem é quem na história. O filho pródigo representa os publicanos e pecadores, ou seja, pessoas distantes da religião e dos religiosos judaicos, que levavam uma vida moralmente reprovável. O pai, como já sabemos, faz o papel de Deus. O filho mais velho representa os fariseus e escribas, que se julgavam puros e evitavam contato com impuros escribas e pecadores.
Então, se o pai amoroso é a figura central da parábola, por que o filho pródigo ganhou tanto destaque e usurpou o papel central no enredo? Muito provavelmente porque o espírito farisaico que massageia o nosso ego não nos deixa ver a necessidade da misericórdia do pai nem nos permite que projetemos a nossa sombra na imagem do filho mais velho. Para nos justificar, colocamos toda a atenção no filho pródigo, e somos orgulhosos candidatos à fila dos que querem lhe atirar a primeira pedra.
Temos a tendência de achar que não somos tão pecadores como o filho pródigo. Ele, sim, merece esse título. Mas a realidade é que estamos no mesmo barco furado do pecado, no qual poderemos afundar sem chance de sobrevivência. A menos que, como Pedro, quando submergia no mar da Galileia, gritemos ao Pai: “Salva-me, SENHOR!” Se assim o fizermos, de coração, Ele nos tomará em Seus braços e nos envolverá na maravilhosa festa que celebra o resgate de mais um pecador que estava perdido e foi achado.
“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Romanos 11.36)
Eu sou Jenuan Silva Lira, pastor da IBBP - Fortaleza. Este foi mais um episódio de “A Semente”. Para entrar em contato, escreva para asemente@ibbp.org. Para sermões e estudos dados na nossa igreja, visite o canal da IBBP no Youtube. Tenha um bom dia na presença do SENHOR.