Um pai inesquecível
“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores” (Lucas 15.17–19).
Na parábola do filho pródigo que, na realidade, deveria ser chamada a parábola do pai amoroso, temos um filho rebelde, um filho orgulhos e um pai inesquecível.
É interessante observar que, quando o filho pródigo caiu em si, seu primeiro pensamento foi acerca do modo com seu pai travava os trabalhadores diaristas que o serviam. Por que esse fato havia marcando tão intensamente o filho rebelde? Distanciados do tempo e da cultura oriental da época de Jesus, essa lembrança que despertou a saudade de casa no coração do filho pródigo pode nos parecer como algo trivial, mas não é.
Para entender bem o significado dessa lembrança, devemos levar em conta que, naquele tempo, um trabalhador diarista vivia em condições piores que um escravo. O escravo trabalhava nas terras ou na casa dos seus donos. Não eram livres, mas tinham, pelo menos, moradia, comida e proteção. Em alguns casos, os escravos eram tratados como parte da família e ainda recebiam algum valor monetário para suprir necessidades eventuais.
Os diaristas, por sua vez, não tinham nada. Eram pessoas muitos pobres, com poucas habilidades, que precisavam, todos os dias, encontrar algo que lhes assegurasse, ao menos, o suficiente para sua alimentação e da sua família. Por isso, na Lei, Deus ordenou que o salário de um diarista fosse sempre pago imediatamente após sua jornada de trabalho (Levítico 19:13). Outro detalhe importante é que o valor da diária, muitas vezes, era determinado pela pessoa que contratava o trabalhador, como vemos, por exemplo, na parábola que Jesus contou em Mateus 20.1-16.
O jovem fugiu para longe porque não queria nada com seu pai. Mas uma lembrança ficou permanentemente marcada na sua memória: a generosidade, bondade e misericórdia do pai mostrada pelos seus diaristas. O filho está longe, mas o amor do pai lhe persegue.
Eis uma grande ilustração do modo com Deus revela Seu amor aos homens que, como o filho pródigo, fazem tudo para tentar se livrar do Criador e esquecer Seu bondade. Mas, por mais que tentem sempre terminar se confrontando com a misericórdia dAquele que "faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.45).
O sol nasceu outra vez? A chuva caiu sobre a terra? Não adianta tentar esquecer o bom Deus. Sua generosidade lhe persegue. Melhor é voltar logo para casa.
"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).
Eu sou Jenuan Silva Lira, pastor da IBBP - Fortaleza. Este foi mais um episódio de “A Semente”. Para entrar em contato, escreva para asemente@ibbp.org. Para sermões e estudos dados na nossa igreja, inscreva-se o canal da IBBP no Youtube. Tenha um bom dia na presença do SENHOR.