O filho aparentemente perfeito
“Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo” (Lucas 15.25–26).
Quando pensamos na chamada parábola do filho pródigo, normalmente, nossa memória nos alerta apenas para duas personagens. Por motivos óbvios, lembramos facilmente do filho pródigo. Sua atitude chocante de desprezo para com seu pai e por toda família, não permite que o esqueçamos. Não é à toa que a parábola terminou levando seu nome. A outra personagem também lembrada, embora não com a mesma clareza, é o pai.
Mas a família representada na parábola é composta de três pessoas, sendo a terceira, o filho mais velho que ficou em casa. Por que será que esse filho fica, quase completamente, ausente da nossa memória?
A recordação parcial que não nos permite manter uma viva lembrança do filho mais velho pode ser explicada de várias formas, mas, se fosse dar um palpite, diria que o esquecimento seletivo deve-se ao fato de que, de modo geral, as pessoas não conseguem ver problemas com o filho que ficou em casa. Quanto ao mais novo, é óbvio que ele faz o papel dos pecadores, aqueles eram os impuros, considerados assim pela classe religiosa judaica. Esse filho rebelde, claramente, representa aqueles que se, atrevidamente, se voltam contra Deus, sem nutrir o menor respeito pelo Pai celeste. Ele pecou terrivelmente e precisava se arrepender, como todos os pecadores que desprezam a Deus.
Quanto ao filho mais velho, qual é o problema? Parece até que ele poderia sair da história sem que se perdesse a lição principal. Ele é o exemplo do fiho ideal. Tudo bem que teve um pequeno desentendimento com o pai, mas, afinal, ele não estava certo? A festa que o pai fez para o filho rebelde não deveria ter sido feita para ele?
É difícil perceber o pecado do filho mais velho porque, lá no fundo, temos a tendência de nos identificarmos com ele. Não temos coragem de dizer que não temos pecado algum, mas também não achamos que somos realmente culpados. Temos erros, mas também temos virtudes que brotam do nosso bom coração. No final, quando Deus fizer o balancete nossa bondade vai superar a maldade e seremos aceitos no lar eterno.
Vamos, aos poucos, dissecar o coração do filho mais velho e veremos que a opinião elevada que ele tinha de si mesmo mostra que o orgulho dominara seu coração e, por isso, ele se julgava no direito de rejeitar seu irmão, não compartilhar da alegria do pai, nem sentir necessidade de se arrepender para receber misericórdia.
Espiritualmente, esse filho representa os escribas e fariseus, os noventa e nove que se achavam justos e, por isso, não viam a necessidade de se arrependerem. O filho pródigo representa os que estão perdidos longe, o filho mais velho representa os que estão pedidos perto. Sua justiça própria o colocava em um situação pior do que o filho pródigo. Aos olhos de Deus, todos precisamos retornar para Ele, pois com disse Jesus em Lucas 13.3:“… se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”.
"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).
Eu sou Jenuan Silva Lira, pastor da IBBP - Fortaleza. Este foi mais um episódio de “A Semente”. Para entrar em contato, escreva para asemente@ibbp.org. Para sermões e estudos dados na nossa igreja, inscreva-se o canal da IBBP no Youtube. Tenha um bom dia na presença do SENHOR