Um filho iludido
“Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos…” (Lucas 15.28–29)
A indignação do filho mais velho ao ver a festa que celebrava o retorno do seu irmão revela quão enganosa era a visão que ele tinha de si mesmo. Sendo a representação fiel dos fariseus e escribas, ele não entedia a misericórdia do pai, que resultou na concessão de perdão ao filho rebelde. Seu desgosto pode ser melhor entendido quando ele diz: "Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua…”. Uma vez que esse filho tem a si mesmo em tão alta conta, podemos compreender por que ele não se alegra com a restauração do irmão.
Nos Evangelhos, conhecemos outro jovem que se julgava perfeito. É o jovem rico que aproximou-se de Jesus e fez a seguinte pergunta: "Que devo fazer para ser salvo?” A resposta de Jesus foi: "Cumpre os mandamentos". Sem dúvida, essa é a única resposta que podemos dar a alguém que quer fazer algo para ser salvo. Para ser justo pelo padrão de Deus a ponto de merecer da vida eterna, a pessoa precisa cumprir os mandamentos, mas com um detalhe: não pode tropeçar em nenhum, “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tiago 2.10). Ao ouvir a resposta de Cristo, o jovem, ao invés de reconhecer a impossibilidade do que lhe fora anunciado, ficou ainda mais confiante e disse: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude” (Mc 10.20). Vendo sua ilusão de justiça que o cegava, “… Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Marcos 10.21). Infelizmente, após esse teste feito por Jesus, "Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades” (Marcos 10.22).
O filho mais velho também se julga justo, mas pelos eventos narrados na parábola, é claro que ele não havia obedecido sempre ao pai, sem transgredir uma só ordem como ele afirma. Essa aparente justiça, na verdade, está revestida do espírito hipócrita dos fariseus. Se ele fosse tão obediente como afirma, não teria, por exemplo, recebido antecipadamente os dois terços da herança. A sugestão foi do seu irmão, é verdade, mas ele, dissimuladamente, se aproveitou para abocanhar sua parte. O filho pródigo foi dominado pela imoralidade, o filho mais velho estava dominado pela avareza. Seu trabalho duro e diligente não era por causa da honra do pai, mas para engrandecer a si mesmo e para resguardar seu próprio nome e seus interesses.
Quando pensamos acerca dos requerimentos de Deus para a salvação, faz pouca diferença se somos pecadores como o filho pródigo, ou se somos justos como um fariseu. Aos olhos de Deus, estamos todos no mesmo barco. Se vamos chegar ao Pai, tem que ser pela misericórdia concedida através do sacrifício do Filho. Achar que temos bastante crédito para ter direito à vida eterna é assumir o papel do filho mais velho, inclusive com a sua ilusão .
O apóstolo Paulo declara: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8–9). A condenação é nossa, enquanto a glória da salvação é do SENHOR, somente e completamente do SENHOR!
"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).
Eu sou Jenuan Silva Lira, pastor da IBBP - Fortaleza. Este foi mais um episódio de “A Semente”. Para entrar em contato, escreva para asemente@ibbp.org. Para sermões e estudos dados na nossa igreja, inscreva-se o canal da IBBP no Youtube. Tenha um bom final de semana na presença do SENHOR.