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Esperando o que eu não mereço

O missionário irlandês Frederico Orr, que serviu por anos no Amazonas, contou-me que certa vez, depois de ter dado uma esmola a um pedinte, o homem lhe agradeceu dizendo: “Deus lhe dê o que você merece”. Assim que ouviu tais palavras, Frederico, alarmado, como que querendo, com sua reação rápida, conseguir o feito impossível de fazer o homem voltar no tempo e engolir as palavras, respondeu: “Nunca mais me diga isso. Deus me livre de eu receber o que mereço. Se isso acontecer eu estou condenado. Eu espero que Ele me dê o que eu não mereço”.

Não foi, exatamente, por se apegar aos seus méritos que o filho mais velho repeliu a argumentação amorosa do pai? Ao revelar seu ressentimento pela impressionante misericórdia concedida ao seu irmão, o filho mais velho mostrou quão decepcionado ele estava com a atitude de perdão do pai. O motivo é que ele não conhecia a graça, apenas a lei. Ele não aceitava que um pecador fosse tratado com misericórdia, porque não via necessidade dela. Ele estava tão dominado pelo orgulho da justiça própria que não conseguia ver a contradição entre o que ele diz ser e o que ele realmente é. De boca, ele se acha capaz de dizer: “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos…” (Lucas 15.29). De fato, ele desonra o pai publicamente, e se mostra um homem impiedoso, invejoso, orgulhoso e iracundo. Com tal descrição do filho mais velho, era como se Jesus estivesse dizendo aos seus ouvintes fariseus: “Se esse filho pareceu perfeito até aquele momento, sua máscara caiu no dia em que foi forçado a revelar o que estava no seu coração”. A dura verdade é que os méritos que julgamos ter por causa das nossas boas obras, imediatamente viram pó quando, por alguma circunstância, deixamos transparecer o que está no nosso coração.

Em Gálatas 3.12, o apóstolo Paulo diz: “Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá”. É possível viver diante de Deus por meio da prática de obras de justiça feitas por nós mesmos, sem a necessidade da fé em Cristo? Antes de responder a essa pergunta é bom observar que, como Paulo afirma, a lei não procede da fé. A justiça do cumprimento da lei e a justificação pela fé são caminhos opostos entre si. Pela lei, o pecador precisa observar o mandamento e viver por ele. Mas, se não o observar perfeitamente, o que é impossível, a lei que, supostamente, lhe garantiria a vida, imediatamente, decreta sua morte. É por isso que, devido a nossa inerente pecaminosidade, “… é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gálatas 3.1).

Pensando dessa forma, podemos entender o raciocínio de Paulo expresso em Romanos 4.5 onde ele declara: “Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.5). Paulo, profundo conhecedor da lei, havia tentado pavimentar seu caminho para o céu por meio das obras da lei. Mas um dia, depois do transformador encontro no caminho de Damasco, chegou a entender o Evangelho. Sua mente foi iluminada pela verdade de Cristo. A partir desse ponto, ele reconhecia com clareza cristalina sua incapacidade de ser justificado por meio das obras. Por isso, ele declarou que queria estar assegurado em Jesus, “… não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé…” (Filipenses 3.9)

Jamais permita que alguém lhe diga: “Deus lhe dê o que você merece”. E, se em algum momento, tal pensamento surgir dentro do seu próprio coração, repreenda-o e faça a seguinte oração: “Senhor, tenha misericórdia de mim. Não me dê o que mereço. Mas, mediante aquilo que Cristo fez e sofreu, por favor, me dê o que eu não mereço. Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”

Você está seguro em Cristo? Se não, corra para Ele agora mesmo… “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (Atos dos Apóstolos 16.31)

"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36).

Eu sou Jenuan Silva Lira, pastor da IBBP - Fortaleza. Este foi mais um episódio de “A Semente”. Para entrar em contato, escreva para asemente@ibbp.org. Para sermões e estudos dados na nossa igreja, visite o canal da IBBP no Youtube. Tenha um bom dia na presença do SENHOR.