Prédio desmoronado
Lamentavelmente, a data 17 de outubro de 2019 passa a figurar na lista das lembranças tristes da cidade de Fortaleza. As imagens circulantes nas redes sociais ainda nos alarmam, ao mostrar a tragédia da última terça-feira, quando aconteceu o desmoronamento de um prédio residencial.
Enquanto os bombeiros continuam lutando sobre os escombros, na expectativa de resgatar, com vida, algumas pessoas que permanecem desaparecidas, as autoridades civis já começam o trabalho investigativo, a fim de esclarecer as causas da tragédia. No entanto, ainda que os órgãos investigativos consigam elucidar algumas questões que expliquem essa trágica ocorrência, as questões mais profundas são as que se abrigam na alma dos que foram mais diretamente atingidos pelo terrível acidente, pois, ainda que não queiramos, nossas indagações se voltam para a pergunta milenar que diz respeito às causas transcendentais para o mal que nos ataca de perto ou de longe. Seguindo nessa direção, podemos esperar que não poucas pessoas irão perguntar: “Onde está o Deus Todo-Poderoso que não impediu que tal acontecesse?”
Se você tem conhecimento das Escrituras, pode facilmente se lembrar da história de Jó. Em meio à terrível tragédia que dizimou toda Sua família e fê-lo perder seus bens, sua esposa, seus amigos e sua saúde, Jó, em certos momentos, parecia desesperado por uma resposta de Deus. Porém, como está revelado no final da história, apesar de ter as respostas, Deus não as dá a Jó, porque oferecer esclarecimentos sobre como os fatos duros da vida faziam sentido no Seu plano eterno não fazia parte do que Ele havia planejado para Jó. Na verdade, quando Deus entra no diálogo com Jó, em momento algum, Ele lhe dá explicações, contudo lhe oferece maior conhecimento d’Ele próprio. O grande benefício da tragédia não é saber os planos de Deus, mas confiar que Ele está perto e que continua mantendo controle de tudo e de todos, visando a Sua glória e o bem dos que O amam.
Os evangelhos nos falam sobre uma tempestade repentina que caiu sobre os discípulos enquanto atravessavam o mar da Galileia. Em Marcos 6.46-47, lemos: “E, tendo-os despedido, subiu ao monte para orar. Ao cair da tarde, estava o barco no meio do mar, e ele, sozinho em terra.” No meio da noite, cercados pelas trevas e ameaçados pelas ondas bravias, os discípulos se esforçavam para chegar à outra margem. Dessa vez, Jesus não estava no barco, no entanto Marcos 6.48 diz que, de cima do monte, enquanto orava, Jesus os viu em dificuldade. Então, por volta das 3h da manhã, o Senhor foi ao encontro deles, andando por sobre as águas. E, para acalmar seus corações agitados, ao aproximar-se, disse: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais” (Mc 6.50). Logo Jesus subiu ao barco, e o vento cessou.
Por meio daquela difícil situação, Jesus queria revelar aos discípulos Sua natureza divina, manifestada na grandeza do Seu poder e na Sua capacidade de vencer qualquer obstáculo, mesmo que a fúria do mar se levantasse contra ele.
Em momento algum, somos informados de que Jesus, ao subir para o barco, tivesse explicado os detalhes de como Ele os viu em dificuldade. Os discípulos não tiveram uma explicação sobre o fato ocorrido, mas, uma indicação de que Deus estava ao lado deles.
Enquanto ainda aguardamos os detalhes sobre a tragédia do desabamento do prédio, oremos pelos que sofrem e estejamos prontos a ajudá-los de toda forma possível. Quanto ao mais, guardemos no coração a certeza de que Deus continua tanto no Seu trono eterno, quanto perto de todos os que sofrem. Voltemo-nos para o que está revelado e deixemos com Deus o que está oculto. Façamos assim para que a nossa esperança não naufrague, nem a nossa fé desmorone.
Que o Deus de toda graça visite cada coração que sofre e enxugue dos seus olhos cada lágrima!