Um aviso às multidões
Aproximava-se a última Páscoa de Jesus. A perseguição dos judeus indicava que a hora do SENHOR ser levado ao Calvário estava às portas. Jesus estava fora do território de Israel, mas, como ele próprio disse, “… não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém” (Lucas 13.33). Assim, o SENHOR Jesus se junta às multidões de peregrinos que sobem para festejar a Páscoa na cidade onde está o Templo.
De modo geral, no que dizia respeito ao reconhecimento de que Jesus era o Messias, o povo não tinha uma posição firme. Ora criam, ora descriam; entretanto, tendo testemunhado tantos sinais impressionantes, sabendo que a manifestação do Messias deveria se dar em Jerusalém, ao ver a intrépida resolução de Jesus de unir-se aos que seguiam para a celebração da Páscoa, o anseio messiânico aflorou em muitos corações. Seria esse o momento em que Jesus assumiria o poder político, destruiria os romanos e elevaria Israel à posição de proeminência entre as nações? O cenário parecia perfeito e, possivelmente, tal expectativa fazia parte da conversa das pessoas que compunham a multidão. Até aqui, muitos tinham rejeitado Jesus, porém, por causa da gloriosa possiblidade, as pessoas queriam estar por perto. Que esse era o momento da manifestação gloriosa do Messias ninguém podia afirmar com certeza. Todavia, pensavam alguns: “Em todo caso, é vantajoso ficar perto de Jesus nesse momento”. Para muitos, essa era a oportunidade ideal de se identificar como um discípulo de Cristo, pois tal identificação poderia trazer lucro na hierarquia do reino do Messias, caso fosse instalado naquele momento.
Com discernimento perfeito acerca do que se passava no coração de cada um que o acompanhava, Jesus parou o cortejo, virou-se para o povo e, para decepção dos interessados e interesseiros, declarou com firmeza: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.25-26). Em termos simples, Jesus estava dizendo que, se alguém pretende segui-l’O motivado por vantagens imediatas, está seguindo a pessoa errada. Existe, sim, uma recompensa eterna para os discípulos de Jesus, contudo, por enquanto, há um preço a ser pago por todos os que decidirem pelo caminho do discipulado. E, a esse respeito, diferente de muitos que procuram suavizar as exigências do evangelho para ganhar adeptos, Jesus não enganou ninguém nem enveredou pelo caminho “politicamente correto”, para angariar admiradores. Jesus não veio buscar admiradores, mas discípulos verdadeiros, que estão dispostos a amar a Cristo com um amor superior ao amor devotado ao pai, à mãe, ao cônjuge, aos filhos, aos irmãos e ainda à sua própria vida. O discípulo de Jesus não tem ninguém, além do próprio Cristo, que ocupe o primeiro lugar na sua lista de prioridades. As pessoas mais queridas não podem ser amadas acima do SENHOR Jesus. O discípulo não pode amar a si mesmo mais do que ama a Cristo.
As palavras de Jesus devem ter desapontado muitos que estavam pegando carona nas multidões. Quem segue a Cristo no vácuo da multidão está correndo o sério risco de, no seu encontro com Cristo, na eternidade, ouvir essas duras palavras dos lábios do SENHOR: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus 7.23).
Você é um autêntico discípulo de Cristo?