O que fazer quando você carrega uma saudade doída por alguém que pouco se importou por você? No começo a gente não se incomoda, acha que não é mesmo uma coisa que é pra durar, é só pra ser uma curtição que vai ser legal para os dois lados e ninguém precisa se envolver muito para isso. Mas e se você passar a gostar daquele carinho, daquela atenção de quando os dois estão juntos? E começar a pensar que a sua vida poderia ser bem mais legal se você tivesse aquela pessoa te ligando sempre pra saber como você está e pra combinar de te buscar depois da aula pra um programa que os dois adorariam: dançar, cinema, teatro...Tantas coisas os dois poderiam ter em comum, tantas coisas poderiam viver e compartilhar.
Aí você se pergunta:
"Mas por quê? Por que tanta carência, tanta necessidade de se sentir feliz ao lado de alguém?"
Não dá pra explicar, mas às vezes vem aquele sentimento de solidão, de abandono. Como se você não tivesse a mínima importância pra ninguém mesmo. E não faria diferença nenhuma pro resto do mundo se você sumisse, se nem ao menos tivesse existido um dia.
Eu tive fazes bem mais felizes na vida, onde eu era alegre, vivia rodeada de amigos e de gente ligando toda hora pra convidar pra um role ou qualquer coisa. Acho que era da idade, aquela idade que a gente é mais espontânea, mais despreocupada, legal, tagarela, bonita, simpática.
Aí depois a gente vai crescendo, vai ganhando um monte de responsabilidades, tem que fazer um monte de escolhas e nem sempre fica contente com as que fez. Os amigos vão indo embora, os romances ficam cinzas, obscuros, volúveis demais. Parece que o mundo não precisa mais daqueles valores que você prezava quando era adolescente. Agora a regra é ser frio e impessoal. Você não tem mais idade pra mimos.
Seriam esses meus lamentos sintomas de uma depressão? Porque, aos 21 anos, já me sinto tão infeliz com a minha vida? Escolhi tudo errado: a faculdade, os empregos que encarei, os lugares onde andei, os amigos que não fiz, as paixõezinhas que insisti e as que desprezei...As vezes a sensação é de que o que resta é se conformar, se apagar, deixar o barco correr como está: triste, num rio de águas turvas e paradas, num clima gélido e nebuloso.
Da uma pontadinha no coração perceber que não é assim pra todo mundo, parece que a única deslocada infeliz sou eu. Sem brilho e sem graça. Talvez seja por isso o abondono: sou uma pessoa que não tem mais graça.