
Programa Experimental teste
Waldecy Oliveira Amazônia
A onda tropical alem de ser utilizada nos trópicos, para emissões regionais, tem frequências muito bem definidas para utilizar maioritariamente propagação NVIS. As frequências NVIS mais utilizáveis, durante todo o ciclo solar são entre os 2 e os 5 MHz sendo que durante a noite, as frequências mais baixas são mais favoráveis. Normalmente a frequencia foF2 ( medida nas ionosondas) que determina a NVIS durante os períodos de grande atividade solar durante as horas diurnas pode chegar tão alto como 12MHz. Por isso mesmo, os militares utilizam maioritariamente as frequências entre os 2 e os 10MHz, nas suas comunicações NVIS. As emissoras em ondas tropicais instaladas com rigor técnico, utilizam a propagação por NVIS, para se fazerem escutar nas áreas cobertas pela reflexão ionosférica de entre a onda incidente na vertical à qual corresponde o angulo de 90º e até cerca de 70º de angulo de incidência. Estes ângulos de reflexão, permitem uma cobertura uniforme, e independente do relevo terrestre de entre 0 e cerca de 500Km (dependendo da altura da camada F2 como é lógico). Acima da frequência critica da camada F2, para ângulos destes valores, a RF perde-se no espaço atravessando a F2, e só baixando o angulo se volta a reflectir. Quer dizer que na medida que se sobe na frequência o angulo de reflexão ionosférico torna-se cada vez mais baixo, chegando cada vez mais longe, mas criando zona de sombra dentro da área de NVIS. Esta zona é chamada de SKIP ZONE ou zona de silencio. Neste caso estamos perante propagação SKYWAVE, modo utilizado em ondas curtas internacionais.
A propagação por NVIS, alem de servir para a cobertura da zona SKIP, é mais estável a nível de fading seletivo e intensidade de sinal, logo por ter apenas uma reflexão, e o caminho é bem mais curto do que em SKYWAVE, evitando as distorções e flutuações provocadas pelas anomalias ionosféricas.
No meu ver, as ondas tropicais em DRM aparentam ser um excelente meio de radiodifusão regional (cobertura num raio de 500/700Km) para por exemplo um estado do Brasil. Um emissor instalado no centro geográfico de um estado daria a cobertura total desse estado. Já para uma cobertura geral do Brasil, teria de se utilizar SKYWAVE (emitindo acima da frequência foF2) com 3 ou 4 emissores de pelo menos 100Kw em SFN colocados estrategicamente de modo a cobrir o Brasil todo. Um sistema destes economizaria muita energia, pois cobrir o Brasil todo em FM (com muitas zonas de silencio) deve ser um numero enorme de emissores de até 10Kw. tudo isso somado, deve dar Mw de energia consumida. Em DRM um bom estudo permitia cobrir o Brasil todo , mas mesmo todo, sem preocupação pelo relevo terrestre e incluindo a Amazônia, com menos de 1Mw de potencia consumida.
Como em tudo, isto são apenas detalhes técnicos, e para determinar as melhores opções teriam sempre de haver testes de campo nesse sentido.