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Nesse episódio do Papo Lendário, Leonardo Mitocôndria, Nilda Alcarinquë, Juliano Yamada e Pablo de Assis conversam sobre como o Zoroastrismo.

Conheça mais sobre essa antiga religião.

Ouça sobre Ahura Mazda e seu profeta Zaratrusta.

Entenda se essa religião é o primeiro monoteismo da história.

-- EQUIPE --

Pauta, edição: Leonardo Mitôcondria
Locução da abertura: Ira Croft
Host: Leonardo Mitôcondria
Participante: Juliano Yamada, Nilda Alcarinquë, Pablo de Assis

-- APOIE o Mitografias --

-- Agradecimentos aos Apoiadores --

Adriano Gomes Carreira
Alan Franco
Alexandre Iombriller Chagas
Aline Aparecida Matias
Ana Lúcia Merege Correia
Anderson Zaniratti
André Victor Dias dos Santos
Antunes Thiago
Bruno Gouvea Santos
Clecius Alexandre Duran
Domenica Mendes
Eder Cardoso Santana
Edmilson Zeferino da Silva
Everson
Everton Gouveia
Gabriele Tschá
Hamilton Lemos de Abreu Torres
Higgor Vioto
Jeankamke
Jonathan Souza de Oliveira
José Eduardo de Oliveira Silva
Leila Pereira Minetto
Lindonil Rodrigues dos Reis
Maira Oliveira Santos
Mariana Lima
Mateus Seenem Tavares
Mayra
Nilda Alcarinquë
Paulo Diovani Goncalves
Patricia Ussyk
Petronio de Tilio Neto
Rafael Resca
Rafa Mello
Talita Kelly Martinez

-- Transcrição realizada por Amanda Barreiro (@manda_barreiro) --

[00:00:00]
[Vinheta de abertura]: Você está ouvindo Papo Lendário, podcast de mitologias do projeto Mitografias. Quer conhecer sobre mitos, lendas, folclore e muito mais? Acesse: mitografias.com.br.
[Trilha sonora]
Leonardo: Muito bem, ouvintes. Como vocês viram no título do episódio, hoje vamos falar do zoroastrismo - isso é um pouquinho trava-língua -, que é algo que já citamos algumas vezes em episódios anteriores, mas, diferentemente de outras crenças parecidas, como o judaísmo, islamismo e o cristianismo, pelo tamanho mais limitado do zoroastrismo compensa ter um episódio geral dele, diferentemente dessas outras três religiões abraâmicas, as quais o ideal é ter episódios mais focados em alguns conceitos dentro de cada uma, porque elas são muito mais complexas, por tudo que a gente tem de informação. E aí no episódio de hoje a gente está com o Pablo…
Pablo: Olá.
Leonardo: ... estamos com a Nilda…
Nilda: Oi, oi.
Leonardo: ... e o Yamada.
Juliano Yamada: Olá, vocês.
Leonardo: Os três vão me acompanhar durante o episódio para a gente explicar para vocês, ouvintes, o que é esse tal de zoroastrismo. Que, com certeza, vocês já devem ter ouvido, que é um pouquinho mais desconhecido, mas a gente mesmo já citou algumas vezes. Então a gente vai mostrar os detalhes mais a fundo dessa religião que ainda existe. Como falei, ele não é totalmente desconhecido, ele ainda tem e tudo mais, mas a gente não tem tanta informação dele tão facilmente quanto das outras religiões abraâmicas - essas três que a gente citou: judaísmo, islamismo e cristianismo têm muito mais informação. É comum que as pessoas já tenham ouvido falar, saibam até que é semelhante a essas três religiões monoteístas, mas não saibam muito dos detalhes. Eu mesmo não encontrei não só oficiais em si; no geral também não encontrei tanta coisa em português.
Pablo: Alguma coisa me diz que talvez em persa você ache mais.
Leonardo: Sim, sim, eu imagino que sim. É que aí o meu conhecimento em persa é bem menor. Em inglês eu ainda consegui entender alguma coisa.
Nilda: Talvez você encontre alguma coisa em chinês.
Leonardo: É, também não ajuda muito. Bom, mas então o que afinal de contas é o zoroastrismo? É uma religião bem antiga. É dito que a origem dela é anterior a 600 anos antes da Era Comum. Às vezes é colocado como sendo até quatro mil anos atrás, então seria bem antes dessa data; mas 600 a.C. é certeza que já tinha, mas antes mesmo já se imagina de ter essa religião. Teria nascido ali na região do que atualmente seria o Irã, e aí por isso que é considerada uma religião persa. Obviamente, tem influências ali das crenças locais que estavam ao redor. Nessas influências, inclui-se a Índia. A cultura e a religião da Índia, na época, também influenciaram o zoroastrismo. E acabei comparando aí com as três religiões abraâmicas, porque ela é considerada monoteísta: tem a crença e a adoração ao Ahura Mazda, esse que seria o nome da divindade. Ou Ahura Mazda ou você vai encontrar também como Ahura Mazda, porque tem um H. Eu estou acostumado a chamar de Ahura Mazda, mas tanto faz o que você chamar.
Pablo: Eu pronuncio o H, para mim é Ahura Mazda. Mas aí é uma coisa interessante com relação às traduções, porque, quando você vai traduzir do persa para o latim, porque o (inint) [00:04:12] persa, se não me engano, é escrito inclusive com os caracteres arábicos, que é um silabário, enfim, se escreve diferente. Aí você vai tentar traduzir isso para o alfabeto latino, você acaba tendo que colocar umas letras ali que a gente não está muito acostumado para poder dar o sentido da sonoridade do original. E aí depende de quem vai traduzir também, na verdade. É o que acontece muito, por exemplo, quando você vai traduzir do chinês.
Leonardo: Mas, ouvinte, não se preocupe que essa própria divindade também tem outros nomes, então, se você fica na dúvida de qual chamar, mais para frente a gente vai mostrar outros nomes que você pode chamar essa divindade, que, de certa forma, você pode também chamar simplesmente de deus, porque, por questão de ser monoteísta, é a divindade ali única, mas a gente vai ver melhor isso aí. Então pode chamar também de o deus do zoroastrismo. E, como falei, é teoricamente monoteísta, mas aí tem uns poréns, porque às vezes se encontra falando que não é monoteísta, porque tem um oponente do Ahura Mazda, o chamado Arimã, que também tem diversos outros nomes. E também, quando você pesquisa mais a fundo, você encontra outros seres. Eu acho isso legal para caramba, essa confusão se é um só, se tem vários, se é monoteísta, se não é, e por mim eu acho legal que tenha essa confusão. Mas isso vai gerar muita treta, muitas vezes a pessoa falando: "Não, é sim, porque é um só", "Não, não tem como ser, porque tem outro ser ali". Também outras religiões monoteístas, as três religiões monoteístas mais conhecidas também passam por isso, de que quem é ali da religião vai defender que é monoteísta sim, tem um deus único, mas aí quem está às vezes de fora vai falar: "Não é bem monoteísta, não. Esse deus aí, na verdade, se divide em três, então são três", "Então não é". Então fica aquela coisa, fica a discussão em si, que aí, no caso do zoroastrismo, tem esse oponente dele, então é equivalente ao deus bondoso? Tem o deus do mal e o deus do bem, então não seriam dois? E aí esses outros seres... mas, espera aí, não são deuses? Então o que são? São deuses menores? Aí fica toda essa discussão. Eu, como estou de fora, simplesmente aproveito e vejo a complexidade que tem.
Pablo: É interessante a gente ver um pouco da história da época, porque, como toda religião monoteísta... a gente pode argumentar que o zoroastrismo é uma religião monoteísta. Ele vai surgir no meio de religiões politeístas, e não no sentido de dizer que "Olha, agora tem um modelo que é melhor que o de vocês, então abandonem o de vocês e acreditem só no meu", mas sim que "Olha só, o meu modelo está desse jeito, mas o de vocês se adapta também, ele se encaixa no meu modelo" e no sentido de "As divindades de vocês estão erradas ou não devem ser cultuadas", e aí você tem essa questão dessas várias noções. E aí a noção que você vai dar para a divindade é que é diferente. Porque você chamar de divindade às vezes vai estar colocando no mesmo patamar da sua divindade. Se você quer ser monoteísta, é complicado. Então às vezes você cria uma categoria abaixo para dizer: "Não, não é bem uma divindade. Você é como se fosse um auxiliar, um mensageiro, uma coisa menor ali".
Leonardo: É um mensageiro, também conhecido como anjo.
Pablo: Conhecido como anjo, exato. Porque muitos anjos, inclusive, dentro da angeologia, fazem referências a divindades de outras religiões. Na verdade, é muito mais comum você demonizar divindades de outras religiões - isso aí o cristianismo... a gente já fez episódios inteiros dedicados a isso, mostrar como Baal, por exemplo, que é considerado um demônio, na verdade era uma divindade de uma religião do Oriente Médio. A mesma coisa acontece nessa religião do Irã, o mesmo exato processo. Na verdade, se não me engano, historicamente acontece primeiro com eles. Primeiro acontece com as religiões ali, com o zoroastrismo, e depois esse mesmo fenômeno vai acontecer com o judaísmo, que aí vai demonizar o Baal. Isso vai vir depois. Então até nisso o judaísmo não é tão original assim.
Nilda: A primeira vez que eu ouvi falar do zoroastrismo, ele era usado como uma explicação para uma das origens do pensamento maniqueísta. O que é maniqueísmo? É você ter o bem e o mal, só isso. Você tem o deus do bem, o deus do mal; o deus bom que combate o mal ou o deus bom que representa toda a bondade e o que está longe dele é o mal. Essa luta do Ahura Mazda e tudo é apontada como a origem disso. Se isso é uma interpretação ocidental em cima da religião original ou não, já é outra discussão, mas é colocado como sendo uma das origens.
Leonardo: Acabei não pondo aqui na pauta, porque também já estava com bastante coisa, mas isso é interessante, porque é bem comum, quando você estuda o zoroastrismo meio por alto, você falar: "Ah, é uma religião maniqueísta", porque ela é famosa por ter esse negócio da ênfase em ter o lado bom e também ter o contraponto ruim. Ainda que em outros monoteísmos você até encontre também algo assim, o zoroastrismo dá muita ênfase nisso, quando você pesquisa. E aí é comum que você ouça isso: "Ah, então é maniqueísta". Só que o cara que deu origem ao maniqueísmo foi perseguido pelo pessoal do zoroastrismo porque deturpava um pouco as ideias. O pessoal tentou colocar o zoroastrismo como maniqueísta, comparar, mas eles falaram: "Não,