Nesse episódio do Papo Lendário, Leonardo Mitocôndria, Nilda Alcarinquë e Juliano Yamada conversam sobre os minóicos.
Conheça a civilização minóica.
Entenda a relação entre os minóicos e os gregos antigos.
Saiba quem é a Grande Deusa minóica e diversos outros deuses da ilha de Creta.
Aprenda qual a origem do famoso labirinto do Minotauro.
- Esse episódio possui transcrição, veja mais abaixo.
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-- EQUIPE --
Pauta, edição: Leonardo Mitôcondria
Locução da abertura: Ira Croft
Host: Leonardo Mitôcondria
Participante: Juliano Yamada
Participante: Nilda Alcarinquë
-- APOIE o Mitografias --
-- Agradecimentos aos Apoiadores --
Adriano Gomes Carreira
Alan Franco
Alexandre Iombriller Chagas
Aline Aparecida Matias
Ana Lúcia Merege Correia
Anderson Zaniratti
André Victor Dias dos Santos
Antunes Thiago
Bruno Gouvea Santos
Clecius Alexandre Duran
Domenica Mendes
Eder Cardoso Santana
Edmilson Zeferino da Silva
Everson
Everton Gouveia
Gabriele Tschá
Hamilton Lemos de Abreu Torres
Jeankamke
Jonathan Souza de Oliveira
José Eduardo de Oliveira Silva
Leila Pereira Minetto
Leticia Passos Affini
Lindonil Rodrigues dos Reis
Mariana Lima
Mateus Seenem Tavares
Mayra
Nilda Alcarinquë
Paulo Diovani Goncalves
Patricia Ussyk
Petronio de Tilio Neto
Rafael Resca
Rafa Mello
Talita Kelly Martinez
-- Transcrição realizada por Amanda Barreiro (@manda_barreiro) --
[00:00:00]
[Vinheta de abertura]: Você está ouvindo Papo Lendário, podcast de mitologias do projeto Mitografias. Quer conhecer sobre mitos, lendas, folclore e muito mais? Acesse: mitografias.com.br.
[Trilha sonora]
Leonardo: Muito bem, ouvintes. E no episódio de hoje a gente vai falar de uma civilização muito parecida com a grega, mas que não é a grega, que são os minoicos, a civilização minoica. Minoica, minoana, egeia, mediterrânea ou cretense - esses são os nomes dados à civilização do povo que cresceu na Ilha de Creta. E no episódio de hoje, então, estou com o Yamada…
Juliano Yamada: Olá, vocês.
Leonardo: ... e com a Nilda.
Nilda: Olá, olá, povo.
Leonardo: E, como disse, então a gente vai falar aí no episódio sobre a civilização minoica. Com isso, a gente vai falar um pouquinho aí da história deles e da religiosidade deles, que é bem interessante pesquisar isso aí, é bem interessante a gente ver como eles se relacionam com os gregos. E quem não conhece muitas vezes vai achar que é uma fase dos gregos, que é uma época da civilização grega, e não é bem assim. É e não é. Mas aí durante o episódio a gente explica certinho deles e mostra o porquê que eu achei tão legal essa cultura. Eles têm todas essas definições: são os minoicos, minoanos, egeios - egeios por causa da região do Mar Egeu -, mediterrâneos, por causa da região Mediterrânea, do Mar Mediterrâneo também, toda essa região, ou cretenses, porque é a Ilha de Creta. E minoico e minoano também, conforme a gente falar da religiosidade, da parte histórica, vocês vão entender também o porquê desse nome. A Ilha de Creta atualmente é a maior ilha da Grécia, ela fica mais ao sul do país, e é interessante notar que os minoicos, como eu falei, não são considerados gregos de fato. No máximo, eles seriam chamados de pré-gregos. E é dito que os gregos foram formados por quatro grupos ou etnias - ou levas, porque foi de tempos em tempos. São os jônios, os dórios, os aqueus e os eólios. E na própria mitologia a gente tem o deus Prometeu tendo como filho Deucalião. Deucalião é aquele que, com a mulher dele, Pirra, sobreviveu ao dilúvio grego. E esse casal, por sua vez, teve um filho chamado Heleno - a gente já vê a relação aí desse nome com os helênicos. O Heleno teve Doro, que gerou os dórios; Eólo, que gerou os eólios; e Xuto. O Xuto teve Aqueu - o filho de Xuto era chamado de Aqueu, que gerou os aqueus - e um outro filho chamado Ion, que esse gerou os jônios. Aí a gente vê a relação de J e I ali nos nomes.
Nilda: Interessante isso, porque segue aquela coisa de um grande criador, aí os filhos, que deram origem a essas levas diferentes. Você tem uma explicação mitológica para uma migração: origem divina.
Leonardo: E também considerando que aí no caso foi o filho, mas filho de um sobrevivente de um dilúvio, então é aquela coisa, porque o dilúvio dizima tudo, então o que vem a seguir precisa dar origem às diversas etnias. Só que aqui a gente vê que eles se limitam às etnias que formaram a Grécia, bem mostrando: a Grécia é o mundo e acabou. Eles não ficam... alguém que deu origem para o povo da África, o povo da Ásia, não, são essas quatro etnias gregas. Porque isso, na verdade, está explicando as levas que teve da formação da Grécia, esses povos de origem indo-europeia que foram, de tempos em tempos ali, chegando à Grécia, na região que se tornaria a Grécia, e dominando. E aí a gente vê que em nenhum momento nesse mito tem algo relacionado aos habitantes da Creta nessa linhagem, não tem nada referente a minoicos, a cretenses, a nada. São só esses quatro grupos, então a gente vê que eles não seriam considerados gregos nem na questão mitológica. Com isso, a gente vê também que, na verdade, eles não são considerados um povo de origem indo-europeia. Quando a gente fala das mitologias mais conhecidas, greco-romana, nórdicas, celtas e tudo, é comum a gente falar desses indo-europeus, porque são os povos que foram - não vou lembrar certinho a localização - migrando por toda a Europa e também por uma boa parte ali da Ásia, indo muito em direção à Índia. Aí tem essa relação desse nome, que é muito ligado com a língua. Como eu já falei isso em muitos episódios, mas a questão cultural e mitológica se prende muito à língua, quando você vê povo tal, normalmente é porque tem língua tal também. Os próprios helênicos tinham o seu idioma, porque, como não tem a questão de nação antigamente, não era essa ideia de nação, você definia muito pela cultura e, com isso, relacionado também à língua. E aí, no caso, a gente vê que os cretenses, os minoicos, não entram nisso aí, eles não estão, e, como eu falei, eles não teriam uma origem indo-europeia. É dito que eles teriam vindo de povos da Anatólia. A Anatólia, para quem não conhece, é a atual Turquia, fica na região da atual Turquia. Mas também tem a hipótese de que eles seriam um povo protoindo-europeu, ou seja, anterior aos indo-europeus, porque é como se eles tivessem se desprendido desses povos, desses indo-europeus, dos que iriam ser considerados indo-europeus; eles teriam se desprendido antes. Então antes de serem considerados indo-europeus e aí começar a migrar pelos continentes, eles teriam saído desse grupo, ido ali para a Anatólia e aí ter ido para Creta, antes de serem considerados indo-europeus. Seria bem isso aí.
Nilda: Como é uma ilha grande e uma ilha com condições de progresso, de agricultura, uma ilha considerada com clima bom e tudo para sobreviver, os primeiros humanos, migrando, terem parado por ali não é difícil. É coisa até bem lógica, porque também não é uma ilha difícil de chegar; nem que seja por acidente, você chega a ela. É um povo que foi se desenvolvendo ali independentemente do que estava acontecendo em volta em termos de migração, em termos de relações entre as outras civilizações humanas que estivessem por ali, começando a acontecer.
Leonardo: É uma ilha grande e fértil, é boa para se desenvolver, ainda que eles não tenham ficado presos ali. A gente vai ver que eles tiveram bastante contato com povos ao redor, mas eles se mantinham pela própria ilha. A ilha em si já era boa o suficiente para eles. E isso a gente diz de muito tempo atrás. É dito que a história dessa civilização começa por volta de 2800 antes da Era Comum, e aí seria a Idade do Bronze. Essas vantagens da ilha que a gente vê como os ajudaram a evoluir e a crescer como uma civilização. Até certo momento eles não estavam sofrendo invasões, eles tinham uma terra fértil e tinham muito contato com os povos de além do mar. Aí um grande exemplo desses povos são os próprios egípcios. É dito que eles tinham muito contato com eles.
Nilda: Acredito que fosse uma região de porto muito boa para... você sair do Egito e vai até digamos onde é a Fenícia, apesar de talvez na época nem existir Fenícia ainda, mas você ter essa ilha grande onde você pode abastecer e fazer comércios, e fazer suas trocas no meio do caminho, é uma maravilha.
Leonardo: Tanto que é dito que eles são a primeira talassocracia - acho que esse é nome. É um governo muito voltado para o mar, porque eles tinham muito esse contato. Eles tinham ali a ilha, mas eles chegaram a ficar também em uma parte mais costeira da Grécia continental e em algumas ilhas no alto também, ali as ilhas menores. A principal era Creta, mas eles iam para esses outros locais e eles dominavam ali. É bem no nível dos fenícios. Os fenícios dominaram acho que um tempo depois a questão marítima, mas os fenícios são bem conhecidos de terem ido para outra ponta da área continental - eles atravessaram o Mediterrâneo -, os cretenses também tinham uma boa navegação.
Nilda: Interessante esses povos terem toda essa navegação. Às vezes a gente tem aquela ideia de que os povos não se comunicavam muito, mas ali, principalmente pelo fato de ter muitas ilhas, então deve ser razoavelmente fácil de ver estar pulando de uma para outra... não vou dizer que é aquela coisa que qualquer um fizesse, mas você consegue desenvolver essa navegação boa, você tem esses contatos entre os povos muito facilmente. Quer dizer, depois que um povo se firmou em um local, você consegue fazer todo esse contato, que é uma coisa que a gente pensa hoje em dia: "Ah, como as pessoas se comunicavam?". Não, elas se comunicavam e muito bem, a diferença é que às vezes, ao invés de demorar dois segundos de e-mail, um minuto de um e-mail, eram três meses, quatro meses,