Por São Gregório Magno.
Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, isto é, eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem. É como se Jesus quisesse dizer: elas correspondem ao meu amor. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente.
Considerai, irmãos, o perigo que vós estais correndo. Assegurai-vos que sois ovelhas de Cristo, vede se o conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Vede se o conheceis, não só pela fé, mas também pelo amor, se o conheceis não só pelo que credes, mas também pelas obras. Quem diz: “Eu conheço Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso.
Por isso, nesta passagem do Evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente: assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai, e dou a minha vida por minhas ovelhas. Como se dissesse: a prova de que eu conheço o Pai e sou por ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas. Por outras palavras, este amor, que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto eu amo o Pai.
Continuando a falar de suas ovelhas, ele diz ainda: minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá, e encontrará pastagem. Entrará, abrindo-se à fé; sairá, passando da fé para a visão e para a contemplação. E encontrará pastagem no banquete eterno.
Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que o segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. As pastagens dessas ovelhas são as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante. Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida.
Procuremos, irmãos caríssimos, alcançar essas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se inflame nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar desse jeito, já é pôr-se a caminho.