Por Vital Lehodey.
Se Deus trabalha juntamente conosco na nossa santificação, é justo que Ele tome a direção da obra. Nada se deverá fazer que não seja conforme os seus planos, sob suas ordens e por impulso de sua graça. Ele é o primeiro princípio e também o fim último. Nós nascemos para obedecer às suas determinações.
Essa contínua dependência de Deus nos forçará a inúmeros atos de abnegação e, não poucas vezes, teremos que sacrificar nosso olhar limitado e nossos desejos caprichosos, com as consequentes queixas de nossa natureza. Não escutemos essas queixas.
Não poderíamos querer um destino melhor do que ter a própria sabedoria de Deus como nossa guia, nem maior felicidade do que ter por nosso auxílio a divina onipotência. Não poderia haver sorte maior do que sermos sócios de Deus na obra de nossa salvação, ainda mais tendo em conta que tal empreendimento só visa ao nosso proveito pessoal. Deus nada mais exige para si, a não ser a sua glória e o direito de nos fazer o bem, deixando todas as vantagens apenas para nós mesmos. Ele aperfeiçoa a natureza, nos eleva a uma vida superior, persegue o melhor para nós, busca a nossa bem-aventurança.
Ah, se compreendêssemos os desígnios de Deus e nossos verdadeiros interesses! Com certeza, não teríamos outro desejo, senão lhe obedecer com todo cuidado. E só teríamos um único medo: o de não lhe obedecer o bastante. Nós lhe suplicaríamos com insistência para só fazer sua vontade, e nunca a nossa.
Abandonar sua sábia e poderosa mão, para seguir nossas pobres luzes e viver à mercê de nossa fantasia, é verdadeira loucura e supremo infortúnio.