Por São Luis de Montfort.
Quando, por ignorância ou mesmo por vossa culpa, cometerdes algum erro de que resulte para vós alguma cruz, inclinai-vos imediatamente sob a mão poderosa de Deus, sem vos perturbar voluntariamente. Dizei: “Senhor, aqui está um exemplo do que sou capaz de fazer!”
E se houver pecado na falta que cometestes, recebei a humilhação de vosso orgulho.
Algumas vezes, e até muitas vezes, Deus permite que seus maiores servos, os mais elevados em graça, cometam as faltas mais humilhantes, a fim de humilhá-los aos seus próprios olhos e aos olhos dos homens, a fim de tirar o olhar deles e o pensamento orgulhoso das graças que lhes dá e do bem que fazem, a fim de que, segundo a palavra do Espírito Santo, nenhuma carne se glorifique diante de Deus.
Deus nos leva à humildade para nos purificar.
Ficai bem persuadidos de que tudo o que existe em nós está inteiramente corrompido pelo pecado de Adão e pelos pecados atuais. Inclusive as potências da alma. Logo que o nosso espírito corrompido olha, refletida e complacentemente, algum dom de Deus em nós, esse dom, ação ou graça fica todo poluído e corrompido e Deus desvia dele os seus olhos divinos. Se os olhares e os pensamentos do espírito do homem estragam assim as melhores ações e os mais divinos dons, que diremos dos atos da própria vontade, que são ainda mais corrompidos que os do espírito?
Por isso, não é de espantar, que Deus sinta prazer em esconder os seus amados no segredo de sua face, para que não sejam manchados pelos olhares dos homens e pelos seus próprios conhecimentos.
E para escondê-los assim, o que não faz e não permite este Deus ciumento?! Quantas humilhações lhes proporciona! Em quantas faltas os deixa cair! De que tentações permite sejam atacados! Em que incertezas, trevas e perplexidades os deixa!
Como Deus é admirável nos seus santos e nos caminhos pelos quais os conduz à humildade e à santidade!