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Por Gabriel de Santa Maria Madalena.

Na Missa deste dia, lê-se o belíssimo Evangelho dos discípulos de Emaús, no qual encontramos esta súplica premente: «Fica conosco porque faz-se tarde e o dia declina».

Ficai conosco, Senhor! É o grito da alma que, tendo encontrado o seu Deus, não quer separar-se mais dEle.

Também nós, como os discípulos de Emaús, andamos à procura do Senhor; toda a nossa vida é um continuo peregrinar para Ele, e muitas vezes também nós estamos tristes porque não conseguimos encontrá-lO, porque não compreendemos os Seus caminhos misteriosos, quase nos parece que Ele nos abandonou.

«Nós esperávamos que Ele fosse o que havia de resgatar Israel e agora ... » diziam os dois discípulos desiludidos com a morte de Jesus, não reparando em que, precisamente quando estavam prestes a perder toda a esperança, Jesus encontrava-Se muito perto deles, feito seu companheiro de viagem.

Assim acontece também conosco: ainda que oculto na obscuridade da fé, Deus aproxima-Se das nossas almas e faz-Se companheiro do nosso caminho, mais ainda, vive em nós pela graça. É verdade que cá na terra Ele não Se manifesta na claridade do face a face reservado para a eternidade e apenas podemos vê-lO «como por um espelho, em enigma»; todavia, Deus deixa-Se reconhecer. Como aos discípulos de Emaús, também a nós a Sua presença se revela de um modo obscuro, sim, mas inconfundível, naquele ardor tão peculiar que só Ele sabe despertar nos nossos corações: «Não é verdade que nós sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando ele nos falava?»

A alma que, mesmo uma só vez, tiver encontrado assim o Senhor, não apenas fora, mas dentro de si, vivo e operante no seu coração, não pode deixar de exclamar: «Ficai
comigo!»

Este grito, porém, já foi ouvido, é já uma realidade permanente, pois Deus está sempre na alma em graça. Deus está sempre conosco, mesmo quando O não sentimos, mesmo quando não damos conta da Sua presença, Deus está ali, Deus fica conosco; compete-nos ficar com Ele. E se em certos momentos Ele Se deixa reconhecer pela alma, fá-lo para a convidar a viver com Ele, na Sua intimidade. Peçamos-Lhe, pois, com ardor: ensinai-nos, ó Senhor, a ficar conVosco, a viver conVosco.