Por Santo Afonso Maria de Ligório.
Poucos cristãos entendem o que é a verdadeira piedade. A maior parte segue suas inclinações. Quando são melancólicos, procuram a solidão. Quando se sentem atraídos por uma vida ativa, se dedicam apenas às obras da salvação das almas. Quando inclinados a uma vida austera, se entregam à penitência e mortificação. Quando dispostos à generosidade, não poupam esmolas. Todos estão profundamente enganados. As obras exteriores são de fato frutos do amor a Jesus, mas não são a essência da caridade. A caridade está inteiramente na sintonia com a vontade de Deus. Ela requer que se renuncie a si mesmo, e em tudo se busque aquilo que mais agrada a Deus, e mesmo assim apenas porque Deus quer e merece.
A consequência disso é a seguinte. Se quisermos nos tornar santos, devemos empregar todas as nossas forças em executar a vontade de Deus e não a nossa própria, pois todos os mandamentos e conselhos de Deus têm por finalidade nos mover a fazer e sofrer tudo o que Deus quiser, e do modo como ele quiser. Logo, toda a perfeição pode ser resumida nas seguintes palavras: fazer tudo o que Deus quer, querer tudo o que Deus faz, com a única intenção de contentá-lo.
Óh meu Deus, eu vos agradeço porque o caminho da perfeição é tão fácil. De agora em diante, estou resolvido a caminhar por ele, ajudado pela vossa graça. Com essa intenção, me uno sem reserva à vossa vontade, que é toda santa, toda boa, toda bela, toda perfeita, toda amável. Óh vontade de meu Deus, como tu és querida! Unido a ti, quero viver e morrer. O que te agrada deve também me agradar, teus desejos devem ser também os meus desejos. Meu Deus, óh meu Deus, ajudai-me, fazei que de agora em diante eu só viva para querer o que vós quereis, para executar apenas a vossa amável vontade. Eu deploro os dias em que fiz a minha vontade, e vos dei desgosto. Amo-te, óh vontade de meu Deus, amo-te tanto quanto ao próprio Senhor, pois na verdade tu és mesmo o próprio Deus.