Por Adolfe Tanquerey.
Nós temos um horror instintivo ao sofrimento. Mas Jesus, nosso Salvador, vem sofrer em nós e por nós, para enobrecer e divinizar o sofrimento.
Ele o diviniza, primeiramente, em sua própria pessoa. E num sentido mais amplo, diviniza o sofrimento também nos fiéis, que são membros de seu corpo, porque vem sofrer neles. Assim, Jesus comunica às dores dos fiéis, um valor incomparável, que os faz participar, em certa medida, nos méritos dos seus próprios sofrimentos.
Vamos focar agora, no primeiro aspecto.
Em primeiro lugar, Jesus diviniza o sofrimento em sua própria pessoa, em virtude da união hipostática. O Verbo Encarnado, comunica a todas as suas ações humanas um valor infinito, pois une a natureza humana e a natureza divina, em sua única e mesma pessoa. A dignidade das ações depende, com efeito, da dignidade da pessoa. E como em Jesus há somente uma pessoa, a pessoa do Verbo, tudo o que ele faz e tudo o que ele sofre participam da infinita dignidade dessa pessoa. Quando ele sofre, em seu corpo ou em sua alma, o Verbo torna suas todas essas dores, as eleva à altura da sua dignidade, as diviniza.
É por isso que as dores de Cristo têm um valor infinito aos olhos de Deus, e que a menor delas bastaria para reparar a infinita ofensa que o pecado infringiu à majestade divina.