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Por Santo Afonso Maria de Ligório.

Jesus disse: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”.

O trabalho de um bom pastor, é guiar as suas ovelhas para bons pastos, e as defender contra os perigos. Mas, óh meu dulcíssimo Redentor, que pastor levou a sua bondade tão longe como Vós? Vós quisestes dar o vosso sangue e a vossa vida para salvar as vossas ovelhas, que somos nós, e livrar-nos dos castigos merecidos! Vós mesmo levastes os nossos pecados em vosso corpo pregado na cruz, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas vossas chagas fomos curados.

Para nos curar de nossos males, este bom Pastor tomou para si todas as nossas dívidas, e as pagou com o seu próprio corpo, morrendo de dor sobre a cruz.

No entanto, nosso bom pastor não se contentou em dar a vida pelas suas ovelhas. Depois de sua morte, ainda quis deixar, na santíssima Eucaristia, o seu próprio corpo, já sacrificado uma vez na cruz, a fim de que fosse o alimento e sustento das almas. O ardente amor que nos dedicava, diz São João Crisóstomo, levou Cristo a unir-se a nós e a se fazer um só conosco.

Assim continua o Evangelho, “o mercenário vê o lobo vindo, deixa as ovelhas e foge. E o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas". Não é assim que faz Jesus Cristo, o bom pastor, o melhor de todos os pastores. Cada vez que ele vê as suas ovelhas assaltadas pelo lobo infernal, e estas lhe gritam por socorro, logo corre para as defender e a combater por elas.

Quando vê uma ovelha desgarrada, o que ele não é capaz de fazer? Quantos meios não emprega para recuperá-las? Jesus não deixa de buscar a ovelha enquanto não a achar. E depois de a achar, a põe contente sobre seus ombros, chama os seus amigos e vizinhos, isto é, os Anjos e os Santos, e os convida a alegrarem-se com Ele, por ter achado a ovelha que se tinha perdido. Quem, pois, não amará com todo o afeto a este bom Senhor, que se mostra tão amoroso, mesmo para com os pecadores que lhe viraram as costas, e quiseram voluntariamente se perder?

Óh, meu amável Salvador! Eis aqui a vossos pés uma ovelha perdida: afastei-me de Vós, mas Vós não me abandonastes. Fizestes todo o empenho para me recuperar. O que seria de mim, se Vós não tivésseis pensado em me buscar? Ai de mim, que passei tanto tempo longe de Vós! Pela vossa misericórdia, espero agora estar na vossa graça. Se antes eu fugia de Vós, já não desejo outra coisa senão Vos amar, viver e morrer abraçado aos vossos pés.

Mas enquanto vivo, estou em perigo de Vos abandonar. Por piedade, prendei-me com os laços de vosso santo amor, e não permitais que em tempo algum eu me desprenda de Vós.