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Por Joseph Schrivér.

Diz São Paulo: "Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus. E dominamos todo pensamento e o reduzimos à obediência a Cristo".

Se queres que Jesus viva em tua alma, deves entregar a ele todas as tuas faculdades. Tudo deve estar ao seu serviço para a grande obra que ele quer fazer em ti. Dá-lhe também a tua inteligência, sem mesmo reservar para ti um único pensamento.

A inteligência foi dada ao homem para conhecer o soberano bem, e discernir os melhores meios para atingi-lo. Portanto, a finalidade da inteligência é servir à vontade livre. A inteligência tem o nobre dever de apresentar à tua vontade as infinitas perfeições e amabilidades de Deus, e as inúmeras razões de se apegar a ele, para inclinar tua vontade a amá-lo.

Como tu podes ver, é grande a tarefa da inteligência no trabalho da tua santificação. Tua vontade não pode produzir um único ato sem o auxílio da inteligência. Sempre que a vontade escolhe algo, só pode fazê-lo por influência da inteligência.

Portanto, há motivos de sobra para que tu cuides bem de perto a tua inteligência, e não a deixes fora do reinado de Jesus na tua alma.

Considera bem o poder que uma ideia tem. Todo ato de inteligência contém em si uma energia, uma força de expansão. Qualquer pensamento, julgamento, raciocínio. Qualquer série de pensamentos, qualquer encadeamento de ideias, possui essa energia, e tende para levar a vontade a produzir um ato de escolha.

Graças a essa força, a ideia que se apoderou da tua inteligência, seja boa ou seja má, investe imediatamente sobre a vontade, para levá-la a praticar um ato.

Então, é muito importante dominar a inteligência e governá-la. Cabe à vontade livre armazenar essa força, multiplicá-la pela reflexão, direcioná-la para o bem. Realmente, toda ideia que não se destina para o fim último, que é Deus, estimulando a amá-lo, ou auxiliando a cumprir um dever, será uma energia perdida. E não só isso. Será também um elemento de perturbação, contrário à saúde espiritual. E é preciso suprimi-la.

Portanto, guerra aos pensamentos vazios, voluntariamente alimentados. Entram nessa categoria os devaneios, planos de futuro, recordações do passado, projetos fantasiosos, dúvidas, inquietações vazias.

Os pensamentos mais funestos são os que induzem ao pecado, ocupam o coração com prazeres inúteis, ou levam ao desânimo.

Os divertimentos, as representações, as leituras que encarnam essas ideias, e as intensificam, dando encantos mais sensíveis a tais ideias, são outros inimigos irreconciliáveis da perfeição.

Minha pobre alma. Se queres ser santa, abandona todas as ideias, todas as conversas desnecessárias que te afastam de Deus. Ocupa-te somente dele, no segredo do teu coração.

Os pensamentos inúteis, os sonhos vazios, enchem a cabeça como um enxame de abelhas. É um contínuo zumbido. Como poderias dedicar-te a Deus com tranquilidade? Fecha as portas da tua inteligência, e não admitas outros pensamentos senão aqueles que podem te ajudar a amar a Deus.

Se por um lado a vontade é influenciada pela inteligência, por outro lado também é verdade que a vontade tem um grande poder sobre ela. A vontade pode desviar o curso dos pensamentos, interromper um encadeamento de ideias e substituí-lo por outro.

Toda vez que perceberes que teu espírito está preso a coisas inúteis, conduze-o suavemente a Deus com um ato de amor e de arrependimento, ao mesmo tempo suave e ardente. Jesus, eu vos amo. Perdoai-me, ajudai-me. Em seguida, aplicarás teu espírito, seja na oração, no estudo, numa leitura útil, seja no cumprimento de um dever.

Faze esse trabalho tranquilamente, sem impaciência. Pois terás que recomeça-lo todos os dias.

Obriga-te a combater os pensamentos inúteis, não diretamente, mas desprezando-os e ocupando teu espírito em outras coisas.

Assim, reconquistarás, em pouco tempo, toda a energia da inteligência e poderás cedê-la ao teu Mestre, para que ele complete em ti o trabalho de tua santificação.