Meditações no Evangelho de João (63): Esperando Para Entender“Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (João 13:7). Essas palavras ganharam um novo significado na minha vida no início da década de 1990 quando tive o privilégio de ouvir o testemunho do saudoso missionário irlandês Frederico Orr. Junto com Ina, sua jovem esposa, Frederico, certo do chamado do SENHOR, partiu da Irlanda para pregar o Evangelho na região amazônica em 1954. Depois de poucas semanas na cidade de Manaus, ainda sem poder se comunicar na língua portuguesa, os dois partiram para o lugar onde deveriam iniciar a obra de plantação de uma igreja. Embarcaram juntos, contudo a viagem os levaria para destinos diferentes. No navio, Ina contraiu uma infecção intestinal pela qual veio a falecer no dia 4 de junho desse mesmo ano em que chegaram ao Brasil, na cidade de Lábrea, no estado do Amazonas. Como o pastor Frederico dizia tão ternamente, ele amava muito sua esposa e teve que se separar dela tendo vivido juntos por apenas cinco anos. Como era esperado, a morte repentina de sua querida companheira causou um tremendo impacto no jovem missionário. Apesar disso, ele não desistiu do seu projeto nem da sua leitura bíblica sequencial. No dia seguinte, depois do sepultamento, enquanto seguia em sua jornada solitário, Frederico abriu a Bíblia para continuar sua leitura devocional. Pela incrível e real providência de Deus, naquele dia, a leitura seria em João, capítulo 13. Quando ele abriu a Bíblia na página previamente marcada, algo incrível aconteceu: o versículo 7 se destacou do texto e apareceu diante dos seus olhos em letras grandes, espalhado nas duas páginas da Bíblia. Frederico se assustou com a estranha diagramação, apurou a vista e focou novamente no texto. Então, as letras grandes sumiram, e o versículo voltou à sua posição normal na página onde estava impresso.A obra de Deus na vida do Seu povo é sempre cheia de surpresas. Foi assim com Pedro na última ceia, foi assim com o pastor Frederico na solidão de um barco no meio da floresta, será assim com você, onde quer que esteja, independentemente da situação em que você se encontre agora. Por isso lhe aconselho que pare por alguns instantes, tire os olhos das circunstâncias e escute a doce voz do SENHOR falando ao seu coração: “O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.” A dor nos força a procurar respostas imediatas as quais Deus tem reservado para o tempo certo. Em todas as coisas, Ele conhece o melhor tempo e o melhor modo. De fato, por enquanto, não precisamos conhecer os segredos de Deus, mas confiar que Ele age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam (cf. Rm 8:28). Fé não é confiança baseada nas respostas, mas aquela certeza de que o bom Deus está no comando das nossas vidas. Pela fé na promessa fiel do SENHOR, eu devo tomar a decisão de confiar n’Ele e, como Davi, dizer para mim mesmo: “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor” (Salmo 27:14).A distância geográfica me manteve separado do pastor Frederico, porém, na minha mente e no meu coração, ele estava sempre perto. Cada vez que tinha oportunidade, estando em Manaus, procurava vê-lo. Em um dos meus encontros com aquele homem que eu admirava como um herói da fé, ele me disse solenemente: “Irmão, ore ao SENHOR para que Ele lhe conceda espírito de discernimento. É isso o que mais falta aos servos de Deus na atualidade. Peça a Deus discernimento”.Quando me deu esse conselho, Frederico já se aproximava da hora em que iria se mudar para a casa do Pai, o que aconteceu no dia 20 de janeiro de 2011, depois de 57 anos de ministério no Brasil. Ouvi o conselho com muito respeito. Pela conversa que tivemos, eu sabia que, mesmo antes da sua partida para o Céu, ele já compreendia muito acerca dos motivos pelos quais Deus levara sua primeira esposa quando ele mais precisava dela. Até onde ia essa compreensão não posso afirmar com certeza, mas uma coisa é verdadeira: nesse momento, Frederico entende muito bem os planos de Deus e, na casa do Pai, junto com muitos outros irmãos, ele está louvando a Deus por cada circunstância que o Pai celeste determinara para os poucos anos em que passou por este mundo. E eu mal posso esperar para ouvi-lo compartilhar o que já aprendeu. “Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (João 13:7). Você acredita nisso?