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Meditações no Evangelho de João (67): A glória de Deus na Dor dos Seus FilhosEm 2013, preguei um sermão que marcou minha vida e a da congregação que pastoreei por vinte anos. O título da pregação era a pergunta “Por que Confio em Deus?” A resposta desenvolvida e provada ao longo da pregação foi a seguinte: “Eu confio em Deus porque Ele mantém constante e absoluto controle sobre todas as coisas, pessoas e circunstâncias, visando a Sua glória e o bem do Seu povo.” Na realidade, minha resposta foi uma forma simplificada pela qual pude apresentar o importante conceito teológico da providência de Deus.A indissolúvel aproximação entre a glória de Deus e o bem dos Seus filhos é algo que percorre as páginas das Escrituras. Essa junção, aparentemente inconsistente, aparece de modo explícito na última ceia, no momento em que Judas se afasta do grupo para fazer avançar o seu plano de entregar o SENHOR às autoridades judaicas. Acerca disso, João diz que, quando Judas saiu, Jesus falou: “Agora, foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele; se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente” (Jo 13:31-32). Jesus, às portas de ser traído, vê Deus agindo nessa situação providencialmente, a fim de promover Sua própria glória e o bem do Seu Filho. Sabendo que o plano de traição seguia para o inevitável desfecho de morte, Jesus não tem pena de Si. Quem reconhece o soberano plano de Deus por trás das coisas, pessoas e circunstâncias jamais terá uma crise de autocomiseração. Ao contrário, apesar da dor que possa sofrer, estará sempre descansando no fato de que Deus será glorificado e, como consequência, seus filhos serão, no final, abençoados e exaltados. Na visão de Cristo, a cruz era, na verdade, a consumação da glória do Pai proposta na Pessoa do Filho. Anteriormente, João falou acerca da glorificação do Filho de Deus como um ato que estaria no futuro. Em João, capítulo 7, Jesus falou acerca dos “rios de água viva” que fluiriam do interior daquele que n’Ele cresse. Comentando essa declaração, João acrescentou: “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (João 7:39). Jesus tinha plena consciência de que era da vontade do Pai que Ele desse Sua vida em resgate por muitos. Por esse meio, o Pai seria glorificado, e os filhos de Deus seriam grandemente abençoados. A definitiva resolução de Judas de fazer os últimos ajustes para finalizar seu projeto, mesmo tendo a forte influência do diabo, terminaria completando o alvo da manifestação da glória de Deus na vida dos Seus filhos.  Nesse sentido, a história de José é um exemplo perfeito. Depois da morte do patriarca Jacó, os irmãos de José ficaram com medo de ele querer vingar-se da traição de que fora vítima. Assim, terminadas todas as cerimônias fúnebres, os onze irmãos se prostraram diante de José, apresentando-se como escravos, para aceitar o castigo que lhes fosse imposto pelo irmão poderoso. José não se aproveitou da ocasião para fazer um acerto de contas, mas, em referência à maldade que sofrera, disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gênesis 50:20). Na realidade, em uma tradução mais precisa, o texto não diria que “Deus o tornou em bem”, mas que Deus planejou para o bem. Não é que Deus tenha sido surpreendido com o plano maligno idealizado pelos irmãos de José e, com o Seu poder, tenha posto em ação um plano B. Não, Deus nunca é surpreendido, e Ele não tem plano B. O SENHOR tem um plano singular que será sempre realizado, mesmo que, para isso, seja necessário o protagonismo do próprio diabo.Enquanto Judas segue seu caminho mau, Jesus se alegra com o fato de que o Pai será glorificado e também glorificará o Filho. A explicação já foi dada: “Deus mantém constante e absoluto controle sobre todas as coisas, pessoas e circunstâncias, visando a Sua glória e o bem do Seu povo.” É por isso que eu confio em Deus. Confie n’Ele você também!