🌾 A SEMENTE 476 (Quinta-feira, 15/04/2021)Meditações no Evangelho de João (91): Um Rei DiferenteLeitura Bíblica: João 18:33-40Jenuan S. Lira
Segundo o historiador Josefo, o Sinédrio não tinha relações muito amistosas com Pilatos – o governador romano na Judeia. Porém, ter o apoio da autoridade romana naquele momento era imprescindível para que lograsse êxito no seu propósito de levar Jesus à cruz. Enquanto o Sinédrio estava reunido na casa do sumo sacerdote, a acusação que pesava sobre Jesus era a de blasfêmia. Contudo, sabendo que tal acusação não iria despertar o interesse de Pilatos, quando chegaram ao pretório e foram perguntados acerca do motivo pelo qual estavam entregando o SENHOR, os judeus tinham uma nova acusação: “Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, o Rei” (Lucas 23:2).
Nessa acusação, os judeus relataram muitas coisas sérias, mas o que chamou a atenção de Pilatos foi ouvir que Jesus afirmava ser Rei. Assim que ouviu que o Homem acusado como malfeitor se dizia “o Cristo, o Rei”, Pilatos interrompeu a conversa com os judeus, entrou no pretório e perguntou a Jesus: “És tu o rei dos judeus?” (João 18:33). Sabemos que esse detalhe causou grande impacto em Pilatos por dois motivos: primeiro, essa pergunta foi registrada nos quatro Evangelhos; segundo, ao registrar as palavras de Pilatos, o pronome pessoal “tu” aparece no início da pergunta. Esse expediente gramatical era usado quando uma pessoa queria dar ênfase ao que estava dizendo. Portanto, estaríamos representando bem as palavras de Pilatos se traduzíssemos sua pergunta da seguinte maneira: “É sério que tu és o rei dos judeus”?
Pilatos sabia o que significava ser um rei, e, conforme podia perceber, Jesus não possuía as prerrogativas de um soberano. Sem trono, sem soldados, sem um reino geograficamente delimitado, que tipo de rei era Ele? Na mente de Pilatos, era simplesmente absurdo imaginar que Jesus teria coragem de se apresentar como rei, uma vez que Seu próprio povo não Lhe tinha respeito, e, movido por inveja, os líderes judeus O estavam entregando para ser condenado à morte.
Ao ser interrogado, Jesus não aproveitou a oportunidade para explicar as reais intenções dos seus acusadores e, assim, argumentar em prol da Sua inocência. Em vez disso, o SENHOR tentou ajudar Pilatos a compreender o que seus olhos não viam, dizendo ao governador romano: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” Com essas palavras, o SENHOR revelou o que escapava à percepção de Pilatos. Jesus era, sim, Rei; contudo, Seu reino, embora real, era invisível naquele momento, pois não era um reino deste mundo. Ele tinha súditos ao Seu dispor, os quais poderiam vir e derrotar Seus inimigos. No entanto, ainda não havia chegado a hora do Seu exército entrar em ação. Por enquanto, o reino de Cristo seria estabelecido no coração daqueles que, pela fé no SENHOR, seriam espiritualmente libertos da escravidão do pecado.
Pilatos, certamente, não entendeu tudo o que Jesus lhe dissera, mas percebeu que o SENHOR estava dizendo que Ele era rei e, para ter certeza de que havia captado bem a ideia, perguntou: “Então, estás dizendo que és rei?” Jesus respondeu afirmativamente, e completou: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.”
Ao ouvir a resposta do SENHOR, Pilatos perguntou: “O que é a verdade?” Sem dúvida, essa é uma das perguntas mais enigmáticas que já foram proferidas por lábios humanos. Qual a intenção de Pilatos? Ele estava zombando da possibilidade da verdade? Estava falando com sarcasmo? Estava sendo tocado pelas penetrantes palavras de Jesus? Talvez, jamais consigamos resolver esse enigma, mas de uma coisa podemos ter certeza: Pilatos não esperou para ouvir a resposta do SENHOR. Se o tivesse feito, certamente teria escutado Jesus lhe dizer: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6)
As palavras finais de Jesus, naquele momento, foram: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (João 18:37). Espero que você esteja ouvindo a voz do SENHOR!