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Não precisava de pandemia para saber o quanto é desigual a nossa sociedade. Mas os tempos correntes estapearam as desigualdades na nossa cara. Ficaram claríssimas! O sétimo lugar de país mais desigual do mundo que o Brasil ocupa, levando em consideração os parâmetros do coeficiente de gini, que mede desigualdade e distribuição de renda, ganhou concretude: na forma de acesso, de proteção, de escolha. Acesso porque as estatísticas deixaram claro que o vírus não escolhe destino, mas um tratamento de qualidade faz diferença na sobrevida – em capitais como São Paulo, os bairros ricos registraram os maiores números de casos; e alguns bairros pobres, com índices muito menores, se igualaram em mortes. Proteção porque nem mesmo a casa virou lugar de segurança quando a medida fundamental é o isolamento e tem muita gente que não pode se isolar da família com quem divide um único cômodo ou uma casa pequena. Escolha porque enquanto nós, da classe média, decidimos ficar em casa – e foi uma escolha acertada, muita gente não teve essa opção: ou os patrões não liberaram, ou a necessidade de colocar comida na mesa falou mais alto. E aí voltamos a discutir o que já estava na pauta de uma bolha: os nossos privilégios. Reconhecê-los ficou mais fácil desde o início da pandemia e é sobre isso que falamos hoje no Elas com Elas.