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Não consigo respirar. O último apelo de George Floyd antes de ser morto por um policial nos Estados Unidos entrou na casa de cada pessoa que assistiu à cena do agente branco ajoelhado no pescoço do homem negro por oito minutos. A falta de ar, sintoma que assustou agora o mundo inteiro por causa de um vírus, já fazia parte da vida de milhões de pessoas que são tratadas de forma diferente por causa da cor da pele. O racismo entra na vida de todos nós, mas no caso das pessoas que não são brancas, ele pode terminar em morte. Enfatizar que Vidas Negras Importam é lembrar que as violências são cotidianas. Não tem a ver apenas com a segurança pública, com a polícia, mas com uma constante e enfática negação de direitos em tantas áreas.
Os protestos, as manifestações virtuais que nasceram depois deste assassinato nos Estados Unidos ganharam força também no Brasil e parecem, desta vez, ter chamado atenção de mais brancos. Uma palavra ganhou força: o antirracismo. Ainda com confusão de significados, ainda com usos retóricos, mas acendeu uma luz a quem de fato tem a intenção de construir igualdade. Mas toda vez que trazemos o tema pra pauta, pensamos na população não-branca, discutimos o que é ser negro, o que é ser indígena... E é importante que assim seja. Mas também é importante que não seja só assim. Para uma construção antirracista, é urgente que pensemos sobre o que é ser branco. O que significa a branquitude. O que o espelho diz a nós, brancos, quando olhamos para ele. Este episódio do Elas com Elas propõe uma conversa sobre a branquitude e para isso convidou uma pesquisadora fundamental do tema para nos ajudar a entender, a psicóloga social Lia Vainer Schucman, professora da Universidade Federal de Santa Catarina.