Você já ouviu falar em Maria Firmina dos Reis? Ela é considerada a primeira romancista brasileira. Publicou Úrsula, romance abolicionista, inusual nas estantes do país, até mesmo nas dos leitores mais vorazes. Filha de uma mulher negra alforriada, e de um homem branco que não a reconheceu como filha, nasceu em São Luís, no Maranhão, em 1822. Teve uma trajetória atravessada pela educação e era uma escritora atuante, com publicações em jornais locais. Foi só em 1960 que Maria Firmina teve sua obra reconhecida. Ainda hoje, não é figura frequente nos livros, como outras mulheres e outros homens que ficaram em uma gaveta da história não aberta pela maior parte da população. Na escola, a história que aprendemos costuma girar em torno de uma narrativa única, que parte de premissas brancas e europeias para explicar o mundo. Aqui no Brasil, silenciamos parte relevante da nossa formação como país e como população. Se bobear, sabemos mais sobre a Europa do que sobre o Brasil mesmo. E o que conhecemos da construção nacional vem de fontes repetidas, de perspectivas semelhantes. Uma lei, de 2003, a de número 10.639 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história da África e das culturas africana e afro-brasileira e de história indígena no currículo da educação básica, mas ainda há muito a se avançar. Frequentemente, nos esquecemos que os passos dessas populações também vêm de longe e, portanto, deixamos de lado, outras facetas da história. Neste episódio do Elas com Elas, a apresentadora Gabriela Mayer conversa com a professora da UFF, a Universidade Federal Fluminense, Ynaê Lopes do Santos, para nos ajudar a lembrar o que estamos perdendo e como isso nos empobrece como país.