A sala ampla tem uma janela com vista para um jardim modesto. No meio, uma escrivaninha. No canto, uma poltrona e uma luminária que contorna o encosto e aponta a luz para o assento. A entrada é por uma porta de madeira de correr. Em duas longas paredes, livros do chão ao teto em estantes de madeira – pé direito alto! Parece uma infinidade, ainda mais quando se descobre a camada dupla. O que se vê são estantes móveis, que correm de um lado para o outro em trilhos, na frente das estantes primordiais, fixadas nas paredes. São duas camadas de livros em cada parte daquela biblioteca que eu adoraria que fosse minha, mas é de alguém que eu entrevistei uma vez. Da entrevista, não me lembro bem, mas da biblioteca não me esqueço. Moraria nela. Viveria ali com alegria. Porque é o que os livros me trazem de melhor. Mesmo quando são tristes. É que os encontros que a literatura promove são sempre cheios de possibilidades. Com Jane Austen, aprendi que gostava dos clássicos. Com Hilda Hilst eu aprendi que nem tudo é o que parece. Com Virginia Woolf aprendi a olhar os detalhes e aprendi a questionar a ausência de mulheres no cânone literário. Com Clarice, aprendi a olhar para dentro. Com a Chimamanda, aprendi a olhar para fora. Com Carolina de Jesus, aprendi que palavra é poder e potência. Com Elvira Vigna, aprendi que o silêncio pode ser covarde e pode ser coragem. Os encontros que a literatura me proporcionou me trouxeram até o episódio de hoje do Elas com Elas, em que eu te convido a se juntar a mim para este novo encontro, que tem a literatura como tema. Eu, Gabriela Mayer, recebo as escritoras Aline Bei, Carmen Faustino, Giovana Madalosso e Luna de Cortes.