O fim da escravidão não foi uma libertação completa. E por isso Angela Davis continua se considerando abolicionista. Em Mulheres, Raça e Classe, a professora, filósofa e ativista americana reconta parte da história dos Estados Unidos olhando com atenção para as mulheres negras e resgata nuances da história que foram apagadas em outros registros. O racismo explícito, por exemplo, no movimento de mulheres sufragistas – ainda que alianças legítimas e fortes entre mulheres brancas e mulheres negras também sejam trazidas à luz. Com o recorte do momento histórico em que a escravidão deixa de ser formalmente aceita nos Estados Unidos, pós- Guerra Civil, a autora nos guia por uma trajetória que inclui o culto à maternidade, a construção da imagem da boa mulher, a luta pelo direito à educação de meninas e mulheres negras, as violências das quais eram vítimas homens e mulheres negros e as dinâmicas sociais em torno das mulheres negras em ambientes públicos e privados, durante e depois do período escravocrata. Mulheres, Raça e Classe, livro de 1981, só chegou ao Brasil mais de três décadas depois. A obra mais importante de Angela Davis é campeã de indicações aqui nas leituras do Elas com Elas e hoje o livro virou tema do episódio. Para falar sobre ele, a apresentadora Gabriela Mayer recebe a jornalista Adriana Ferreira Silva, editora-executiva da revista Marie Claire; a professora Rosane Borges, pesquisadora do COLABOR da ECA-USP e integrante do Conselho Internacional Reinventando a Educação; Christiane Gomes, coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo; e Tessa Lacerda, professora de filosofia da USP. Com a participação da historiadora Raquel Barreto, especialista nas obras de Angela Davis e Lélia Gonzáles; e da tradutora de Mulheres, Raça e Classe, Heci Candiani.