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A ONU fez um alerta: a violência doméstica contra mulheres e meninas é uma pandemia mais antiga do que a que vivemos hoje, de coronavirus. E que se agrava em um contexto de distanciamento ou isolamento social. Em um artigo, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, escreveu: “O confinamento está promovendo tensão e tem criado pressão pelas preocupações com segurança, saúde e dinheiro. E está aumentando o isolamento das mulheres com parceiros violentos, separando-as das pessoas e dos recursos que podem melhor ajudá-las.” Dados das linhas de denúncia, dos abrigos e dos mecanismos de segurança e proteção às mulheres sugerem um crescimento dos casos de violência contra mulheres em diferentes países, inclusive aqui no Brasil. Mas o silêncio, em tantos casos, também nos diz muito. Confinamento significa mais vigilância de parceiros ou familiares abusivos e mais riscos para mulheres e meninas que precisem de ajuda. As respostas ainda não estão bem contornadas e, ainda que os mecanismos convencionais de proteção e acolhimento de mulheres vítimas de violência continuem funcionando, eles não captam nuances da violência que estão se desenhando em um contexto de sobreposição de tensões.
Este episódio está dividido em três partes. Na primeira, você vai ouvir uma conversa com uma promotora que trabalha no enfrentamento à violência contra a mulher e realizou um levantamento para tentar quantificar o crescimento da violência doméstica durante a quarentena no estado de São Paulo. Na segunda parte, a comandante da guarda civil metropolitana de são Paulo, que fiscaliza o cumprimento de medidas protetivas e faz atendimentos de mulheres que pedem ajuda, relata com tem sido o trabalho neste período de isolamento social. E a terceira parte traz uma conversa com uma socióloga que nos ajuda a olhar além das estatísticas. Como podemos avançar nas reflexões para construir caminhos efetivos de proteção, em que nenhuma mulher e nenhuma menina fique para trás?
Cartilha Namoro Legal, do Ministério Público, que ajuda a identificar relacionamentos abusivos: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/NamoroLegal.pdf

Artigo da socióloga Wania Pasinato, a terceira entrevistada do episódio, em que ela pondera sobre a forma como devemos encarar os números para que eles sejam mais do que um apanhado de algarismos: https://boletimluanova.org/2020/04/20/pandemia-violencia-contra-as-mulheres-e-a-ameaca-que-vem-dos-numeros/
Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180; Polícia Militar - 190.