Listen

Description

As notícias de que o grupo extremista Talibã voltou ao poder no Afeganistão tomaram as manchetes do mundo. 20 anos após ser destituído pelos Estados Unidos, o grupo, que já vinha retomando territórios, tomou a capital Cabul e assumiu o controle do país.

As cenas de milhares de pessoas tentando fugir do Afeganistão pelo aeroporto de Cabul viralizaram nesta segunda-feira. O local é controlado por militares americanos e forças da OTAN. Veículos de notícias falaram em ao menos cinco mortes durante a confusão.

Nesta terça-feira, o aeroporto da capital afegã voltou a operar voos militares e a situação está um pouco mais tranquila, segundo autoridades estrangeiras que estão no Afeganistão. De acordo com o relatório do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas, 243 mil afegãos já deixaram o país e um grande êxodo ainda pode ocorrer.

Nessa situação complexa, o que mais preocupa é a violência e retiradas de direitos que podem ocorrer com a volta do Talibã ao poder, principalmente em relação às mulheres. Os extremistas ficaram conhecidos pelas regras, punições e proibições impostas pelo regime de 1996 a 2001 com base na interpretação do Alcorão. As mulheres não podiam trabalhar, dirigir, estudar ou sair sem a companhia de um homem. Além de visões islâmicas ultraconservadoras que incluíam apedrejamentos, amputações e execuções públicas.

O que o grupo extremista quer agora é apoio externo e se manter no poder. Para isso, o Talibã quer convencer a população e o mundo de que não repetirá o regime extremamente violento de antes.

Na primeira entrevista de um líder do grupo para uma televisão local, eles anunciaram uma anistia geral e pediram que mulheres se juntem ao governo, mas respeitando a lei islâmica. No entanto, na imprensa internacional o que se vê é uma desconfiança de muitos afegãos e da comunidade internacional em relação ao que promete o Talibã.

Para entender o contexto histórico e o que está acontecendo agora no Afeganistão, a apresentadora Joana Treptow conversou com o professor Dahnny Zahreddine. Ele é líder do Grupo de Pesquisa Oriente Médio e Magreb (GEOMM), doutor em Geografia e professor da PUC-MG.

Produção e edição: Larissa Zapata
Direção: Andre Basbaum