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Meditações no Evangelho de João (88): O Justo Tratado como TransgressorLeitura Bíblica: João 18:12-24A luz incomoda as trevas, assim como a justiça desmascara a transgressão. Em Provérbios 14:34, Salomão declara: “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.” Infelizmente, o ideal de justiça que deveria prevalecer no mundo nem sempre se concretiza. E, à medida que seguirmos para os últimos dias, mais e mais veremos pessoas sendo perseguidas por causa da justiça, especialmente entre as que defendem os padrões da justiça divina conforme manifestados nas Escrituras.O melhor exemplo de perseguição por causa da justiça encontramos na vida de Jesus, principalmente nos vários julgamentos a que Ele foi submetido antes da crucificação. Jesus foi ouvido e julgado tanto pelo tribunal civil das autoridades romanas quanto pelo sinédrio, o tribunal religioso judaico. No Evangelho de João, capítulo 18, o autor sagrado nos informa sobre o julgamento religioso, especialmente sua primeira fase, que ocorreu diante do sumo sacerdote Anás. Sempre com intenções escusas, tentando fazer com que Jesus tropeçasse nas Suas próprias palavras, Anás iniciou o interrogatório questionando o SENHOR acerca dos Seus discípulos e da Sua doutrina (João 18:19). Quanto aos discípulos, Anás estava procurando algo que pudesse dar base para Jesus ser acusado de sedição contra o Império Romano. No que dizia respeito à doutrina, o alvo era tirar, da resposta de Cristo, base para acusá-l’O de ser um mestre perigoso que propagava doutrinas secretas e perniciosas. Jesus desconsiderou completamente o tópico relacionado aos discípulos. Achar que os apóstolos estavam sendo preparados para liderar um levante popular em favor da Pessoa e dos ensinos de Jesus era um raciocínio tão sem fundamento que o SENHOR sequer comentou. Quanto à Sua doutrina, porém, o SENHOR respondeu: “Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei; bem sabem eles o que eu disse” (João 18:20-21). Com essa resposta, Jesus estava recordando que Sua doutrina não tinha segredos. Ele havia tido tempos especiais de ensino direcionado aos doze, entretanto, em muitas ocasiões, Ele havia falado às multidões nas sinagogas e até no templo, onde os membros do sinédrio exerciam autoridade suprema. Sabendo que o interrogatório era apenas uma farsa, pois o veredito já havia sido definido, Jesus não se esforçou para fazer uma defesa completa da Sua doutrina, no entanto sugeriu que testemunhas fossem entrevistadas. Isso evitaria confronto e tornaria o julgamento muito mais honesto. Assim que Jesus deu essa resposta, um dos guardas desferiu uma bofetada no Seu rosto, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?” Calmamente, armado com a força moral que vem da justiça, Jesus não recuou no Seu raciocínio, mas disse ao guarda: “Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me feres?” (João 18:23). A penetrante pergunta “por que me feres?” não foi respondida, pois Jesus não havia dito nada que justificasse a agressão. Se quisermos compreender a razão do sofrimento de Jesus, precisaremos entender o plano de redenção determinado por Deus desde a eternidade. Se a condenação de Jesus dependesse de se encontrar n’Ele algum pecado, Ele jamais teria sido levado à cruz. Jesus morreu pelos nossos pecados. Em Isaías 53:5, a Escritura diz: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” O julgamento de Jesus nos dá clara evidência de que, mesmo sendo justo, Jesus “foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Isaías 53:12).Espero que essa mensagem, que é o coração do Evangelho, possa encontrar lugar no seu coração.