Meditações no Evangelho de João (90): A Escritura Não Pode FalharLeitura Bíblica: João 18:28-32Ciro, imperador persa, foi um dos mais poderosos conquistadores que já passou por este mundo. Sua fama foi construída, especialmente, devido à conquista e destruição do imponente Império Babilônico. Porém, o que poucos sabem é que, cerca de cento e cinquenta anos antes de Ciro despontar no horizonte da história, Deus havia antecipado sua aparição e determinado sua vitória. O SENHOR, por meio do profeta Isaías, chamou Ciro de “meu servo”, uma vez que ele levaria a cabo os planos de Deus.Em João 10:35, Jesus disse: “A Escritura não pode falhar”. Quando colocamos lado a lado o desenrolar da história humana e as Escrituras, podemos facilmente atestar a verdade da afirmação de Jesus. Às vezes, veremos os homens empenhados no desejo de impedir o cumprimento do “está escrito”. Todavia, quando observamos além das aparências, notamos que, quando os inimigos de Deus se levantam para frustrar os desígnios do SENHOR, o resultado é que terminam cooperando para que a infalibilidade das Escrituras se revele de modo ainda mais incontestável.É isso que vemos nos fatos do julgamento de Jesus, conforme narrados no Evangelho de João. Ao chegarem perante Pilatos – governador romano, as autoridades judaicas já haviam decidido que Jesus era réu de morte, querendo apenas que Pilatos sancionasse o que eles já tinham determinado. Em condições normais, os judeus faziam seus julgamentos e executavam as penas conforme deliberação do Sinédrio. No caso de Jesus, entretanto, havia um complicador: eles queriam que Jesus fosse condenado à pena capital, porém a aplicação desse castigo era prerrogativa exclusiva da autoridade romana. Essa foi a razão por que cedo, no dia da crucificação, os judeus levaram Jesus à residência oficial de Pilatos que, naquela ocasião, encontrava-se em Jerusalém. Em todo o desenrolar dessa história, há muitos detalhes curiosos e bastante significativos em relação à infalibilidade da Palavra de Deus. Sabe-se, por exemplo, que, quando a pena capital era aplicada pelos judeus, normalmente usavam o método de apedrejamento, o que, naturalmente, deixaria a vítima com muitos ossos quebrados. Só que, quando Deus instituiu a Páscoa no Egito, os filhos de Israel foram instruídos a não quebrar nenhum osso dos cordeiros imolados. Em Êxodo 12:46, está escrito: “O cordeiro há de ser comido numa só casa; da sua carne não levareis fora da casa, nem lhe quebrareis osso nenhum.” Séculos depois, Davi escreveu profeticamente: “Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado” (Salmo 34:20). É possível que, dada a natureza corrupta de Pilatos e seu pouco interesse no caso, se o Sinédrio tivesse ultrapassado seus limites e ordenado por si mesmo a morte de Jesus, não teriam sofrido qualquer sanção legal. Contudo, se isso tivesse acontecido, Jesus teria sido desqualificado como o Messias na Sua morte, pois não teria cumprido os requerimentos proféticos necessários para ser reconhecido como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. O cumprimento pleno da Escritura foi a causa da morte de cruz, que, apesar de terrivelmente dolorosa, possibilitava que os ossos da vítima fossem preservados, exceto quando queriam apressar a morte do condenado. João diz que os ladrões que foram crucificados com Jesus tiveram as pernas quebradas, mas tal não se fez com o SENHOR, pois sua morte aconteceu antes da dos Seus companheiros. Além disso, a morte de cruz combinaria muito bem com o que o próprio Jesus falara em João 3:14-15: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.”Ao longo dos séculos, os incrédulos têm se levantado para destruir as Escrituras e aniquilar a pregação do Evangelho. No entanto, quanto mais se esforçam para negar a verdade, mais ela se estabelece, pois, realmente, “A Escritura não pode falhar”. Essa é uma bênção de valor inestimável, pois, assim, podemos dizer como Paulo: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1:16).