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Description

Uma vez que as premissas curatoriais desta mostra abordam a dimensão dançante na obra de Tomie Ohtake e no seu fazer artístico – com enfoque nas relações de espaço, corpo e movimento –, elas também estiveram presentes na configuração espacial. Cada núcleo foi pensado para estimular uma resposta sinestésica do visitante, permitindo vivenciar em seu corpo mudanças na forma de se relacionar com as obras. A exposição é composta de 3 salas, ou 3 atos, sendo que a primeira delas, intitulada “rasgos e combinações”, atua como uma espécie de prólogo, cujo piso vermelho e macio logo de início desestabiliza e instiga quem experiencia o espaço. Nesta primeira sala estão as pinturas da década de 1960, quando Tomie realizava estudos com papéis coloridos retirados de revistas, convites e outros impressos, rasgados à mão e reunidos em pequenas colagens. O ato seguinte, “tatear a matéria”, remete aos momentos em que uma pessoa, privada repentinamente da visão, estica os braços para perceber o espaço. Na situação de penumbra em que se encontra a sala, focos iluminam pinturas criadas pelo enfrentamento dos movimentos de Tomie Ohtake com a substância pictórica, com sua densidade e transparência. Por fim, na sala maior da mostra, intitulada “planos e profundidades”, planos pendentes do teto sucedem-se em um ritmo de diferentes alturas, larguras e distâncias. Esse recurso remete à cenografia de Tomie Ohtake para a montagem da ópera Madame Butterfly, em 1983, para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na ocasião, simples planos de cor dispostos em profundidades distintas eram suficientes, segundo a artista, para sugerir tanto contextos e espacialidades quanto estados emocionais de seus personagens.