A cirurgia transforma o estômago — mas também o olhar dos outros.
Nesse episódio a gente recebe a antropóloga Natália Figueiroa, que vai mergulhar nas camadas culturais, sociais e médicas que moldam a percepção sobre os corpos gordos — especialmente contexto da cirurgia bariátrica. A conversa parte do conceito de corpo como interface e revela como o estigma da gordura afeta decisões, relações sociais e identidades. A partir de sua trajetória pessoal e pesquisa de campo, Natália discute a medicalização da obesidade, o papel dos dispositivos sociotécnicos (como a balança ou o copinho de café) e a lógica do compromisso moral imposta aos pacientes bariátricos. Um episódio potente sobre corpo, escolha, controle e o preço social de caber nas medidas.
Durante o papo, também entramos na ambiguidade dessa experiência: de um lado, a promessa de saúde e pertencimento social; do outro, as cicatrizes (físicas e simbólicas) de um processo que exige disciplina extrema, vigilância constante e que muitas vezes mantém vivo o estigma mesmo depois da perda de peso. O corpo bariátrico, como nos mostra Natália, não é apenas uma forma transformada — é um campo de batalha entre o desejo individual e as normas coletivas.
Como construir uma ética do cuidado que não recaia na culpabilização do sujeito? Que outras formas de existir e resistir podem emergir quando a gente deixa de tratar o corpo gordo como problema?
Esse episódio é um convite a rever o que consideramos saúde, autocontrole e aceitação — e a olhar com mais atenção para as histórias que os corpos contam, mesmo quando tentam silenciá-las.
Apresentação: Michel Alcoforado
Roteiro: Michel Alcoforado
Produção e Pesquisa: Fabíola Gomes
Captação, sonorização e edição: Voz Ativa Produções
Vinheta: Estúdio Cavalo
ID Visual: Diego Oliveira e Juliana Silva
Plataformas e mídias: Carla Viveiros
Gestão de projeto: Carolina Piza
AUTORES CITADOS NO EPISÓDIO
Donna Haraway, Bruno Latour, Georges Vigarello , Michel Foucault, Denise Bernuzzi de Sant’Anna
INDICAÇÃO DE LEITURAS